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Revista Intercâmbio 2011 - Sesc

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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO<br />

especialização e à profissionalização da administração da cultura,<br />

apresentando um incipiente cenário de desenvolvimento<br />

da indústria cultural nacional:<br />

Se os anos 40 e 50 podem ser considerados como momentos de incipiência<br />

de uma sociedade de consumo, as décadas de 60 e 70 se definem<br />

pela consolidação de um mercado de bens culturais. [...] O movimento<br />

cultural pós-64 se caracteriza por duas vertentes que não são excludentes:<br />

por um lado se define pela repressão ideológica e política; por outro,<br />

é um momento da história brasileira onde mais são produzidos e difundidos<br />

os bens culturais. Isso se deve ao fato de ser o próprio Estado autoritário<br />

o promotor do desenvolvimento capitalista na sua forma mais avançada<br />

(ORTI Z, 1991, p. 113-115).<br />

A análise de Ortiz considera que no longo período da ditadura<br />

militar (1964/1985) se deu a criação de importantes instrumentos<br />

e instituições para o desenvolvimento da cultura no<br />

país; como, por exemplo, o Conselho Federal de Cultura (1966),<br />

o Plano Nacional de Cultura (1975), o Centro de Referência<br />

Cultural (1975), a Fundação Nacional de Artes (1975), o Conselho<br />

Nacional de Cinema (1976), a Radiobrás (1976) e a Fundação<br />

Pró-memória (1979). Ao mesmo tempo, não podemos<br />

esquecer a revolução comportamental que explodiu em todos<br />

os cantos do planeta nas décadas de 1960 e 1970. As pequenas<br />

e grandes cidades de países e culturas diversas foram ocupadas<br />

pela onda de comunidades jovens psicodélicas, hippies,<br />

alternativas, moléculas de uma contracultura dispostas a fazer<br />

ruir as estruturas de base do sistema capitalista. Uma explosão<br />

cultural fomentada por artistas, grupos e coletivos dispostos a<br />

romper com os modelos de arte e produção cultural vigentes.<br />

Novos artistas, novas ações culturais, novas formas de envolvimento<br />

com o público, novos modos de produzir e distribuir<br />

bens culturais.<br />

No Brasil, mesmo durante a ditadura militar, durante as<br />

décadas de 1960 e 1970, tanto as guerrilhas urbanas quanto<br />

os movimentos culturais organizados e “desorganizados”<br />

da sociedade civil colaboram para a disseminação de novos<br />

modos de agir e produzir cultura. O aparelhamento cultural<br />

oficial, de Estado e o não oficial e, também, aquele de caráter<br />

estritamente marginal colaboraram para o surgimento de<br />

agentes culturais oriundos das mais diversas áreas de conhecimento,<br />

mobilizados por uma infinidade de utopias e filosofias<br />

libertárias, dispostos a dar conta das diversas demandas do<br />

novo mercado de bens culturais, disseminando, assim, os alicerces<br />

de uma nova profissão: o produtor cultural.<br />

Desenvolvimento cultural local: uma<br />

relação entre capital social e gestão cultural<br />

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