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Revista Intercâmbio 2011 - Sesc

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INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO<br />

Desenvolvimento cultural local: uma<br />

relação entre capital social e gestão cultural<br />

Talvez, premidos pela emergência da práxis, os emergentes<br />

produtores culturais tenham inscrito e legado para as gerações<br />

posteriores algumas involuntárias confusões no que<br />

diz respeito às funções e atribuições desse novo campo profissional.<br />

A urgência histórica do fazer cultural nos anos 1970 e<br />

1980, com forte tendência para o autodidatismo, deu prioridade<br />

à prática em detrimento da reflexão crítica, causando uma<br />

ausência de definição e delimitação das noções de produção e<br />

gestão. Nesse período, predominou o uso da noção de produção<br />

cultural em detrimento da noção de gestão cultural, diferentemente<br />

do que ocorre em inúmeros outros países (RUBIM,<br />

2007b, p. 18). A noção de produção está ligada à viabilização<br />

de meios para a realização de produtos culturais, à captação de<br />

recursos, à estruturação de logísticas, às demandas de distribuição<br />

e consumo do mercado cultural, enquanto a noção de<br />

gestão está relacionada às demandas da acessibilidade, à educação<br />

dos sentidos e à cidadania cultural.<br />

A partir da década de 1980, um campo de trabalho se abre na<br />

relação entre escola e comunidade, entre educação e cultura.<br />

Na esteira de experiências realizadas nas bibliotecas francesas<br />

em 1975 e nos museus cubanos em 1987, surge a figura do animador<br />

cultural que, no Brasil, ganha repercussão a partir da<br />

proposta de Animação Cultural nos CIEPS — Centros Integrados<br />

de Educação Pública, criados por Darcy Ribeiro, durante o<br />

governo Brizola (1983/86), no Rio de Janeiro. Egressos de grupos<br />

de teatro, de associações comunitárias, da arte-educação, de<br />

grupos de poesia, das artes plásticas, de grupos musicais,<br />

de grêmios estudantis, de centros acadêmicos universitários, de<br />

cooperativas de artesanato e de grupos de cultura popular, formam<br />

uma nova classe de profissionais: a do animador cultural<br />

(RIBEIRO, 1997, p. 15).<br />

A partir da criação do Ministério da Cultura, em 1985, as políticas<br />

do Estado para a cultura começaram a ser delineadas.<br />

Em 1986 foi criada a Lei Sarney de incentivos fiscais para a<br />

cultura e, em1988, promulgada a nova constituição brasileira.<br />

Na seção dedicada à cultura, a constituição diz que “a lei<br />

estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de<br />

bens e valores culturais” (OLIVEIRA, 1995, p. 98). Estava aberto<br />

o canal para as leis de incentivo baseadas na renúncia fiscal.<br />

Uma nova leva de promotores, produtores e captadores agem<br />

como intermediários entre os mecanismos de investimentos e<br />

os criadores, dinamizando o cenário dos anos 1990.<br />

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