Revista Intercâmbio 2011 - Sesc
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INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . p. 76-97 |<br />
NOVEMBRO/FEVEREIRO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO<br />
88<br />
Reflexões sobre a relação entre exercício<br />
físico-esportivo, saúde e lazer<br />
Em uma sociedade, como a brasileira, onde há níveis de pobreza,<br />
desigualdade e exclusão social em grande escala e que,<br />
consequentemente, tem questões estruturais a serem resolvidas,<br />
as intervenções que se limitam à adoção de um estilo de<br />
vida ativa, focadas apenas nas opções e soluções individuais,<br />
projetam resultados limitados em termos de abrangência e de<br />
impacto social. “Tudo parece indicar que é mais simples normalizar<br />
condutas do que transformar condições perversas de<br />
existência” (CAPONI, 2003, p. 64).<br />
Assim, algumas propostas de programas de atividades físicas<br />
e/ou de exercícios físicos relacionadas à saúde parecem<br />
querer convencer os indivíduos de que estarão mais imunes<br />
às doenças crônico-degenerativas no momento em que deixarem<br />
de ser sedentários e que adotarem um comportamento<br />
fisicamente ativo ao longo da vida. Contribui-se, dessa<br />
forma, mesmo que de forma involuntária, aos interesses de<br />
reduzir as responsabilidades públicas/institucionais na manifestação<br />
e no agravo dessas doenças. É sabido que a alta<br />
prevalência de desigualdades e iniquidades sociais determina<br />
a exposição às condições de vida estressantes e insalubres,<br />
a limitação das escolhas individuais e a dificuldade de acesso<br />
aos serviços de saúde.<br />
O que se pode concluir é que, diante dos conceitos de saúde<br />
ampliada e de promoção de saúde, as ações que se propõem<br />
a tratar de grandes populações por meio de exercícios fisicos<br />
e a obter resultados efetivos, têm de ser, no mínimo, articuladas<br />
a outros setores disciplinares e a políticas governamentais,<br />
responsáveis pelos espaços físicos, sociais e simbólicos<br />
(CZERESNIA, 2003).<br />
O campo do lazer contribuindo para<br />
a saúde ampliada nos programas de<br />
exercícios físicos<br />
Castellani Filho e Carvalho (2006) vêm alertando para a necessidade<br />
de superar a lógica, ainda hegemônica, que reduz<br />
as práticas corporais relacionadas à promoção da saúde a<br />
um caráter funcionalista de viés utilitário e compensatório,<br />
ressaltando que no campo do lazer tem-se um ambiente<br />
propício para explorar o potencial dessas práticas no sentido<br />
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