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Revista Intercâmbio 2011 - Sesc

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INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . p. 8-23 |<br />

NOVEMBRO/FEVEREIRO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO<br />

12<br />

Ao contar sobre sua infância, ao rememorar a criança que foi,<br />

convida-nos a rememorar, também, a nossa infância. Permite-<br />

-nos ver, a nós mesmos, em uma criança não infantilizada,<br />

embora reconhecida nas suas especificidades, especialmente a<br />

de brincar e subverter a ordem das coisas, criando imagens e<br />

brinquedos, vivendo com eles, descobrindo semelhanças com<br />

sua vontade e a necessidade de, às vezes, romper com as tradições<br />

e demais convenções.<br />

(...) É que as crianças são especialmente inclinadas a buscarem todo<br />

local de trabalho onde a atuação sobre as coisas se dê de maneira<br />

visível (BENJAMIN, 1984, p. 77).<br />

Da mesma forma, pelos objetos que coleciona, pela maneira como<br />

os investiga e cataloga, está no papel de criadora de cultura.<br />

(...) Toda pedra que ela encontra, toda flor colhida e toda borboleta<br />

apanhada é para ela já o começo de uma coleção e tudo aquilo que<br />

possui representa-lhe uma única coleção. (...) Caça os espíritos cujos<br />

vestígios fareja nas coisas (BENJAMIN, 1984, p. 79).<br />

A criança, para Benjamin, se coloca na pele do pesquisador,<br />

do alquimista e do bruxo. Para entender os mistérios do mundo,<br />

cujos caminhos se dão pela ação da curiosidade e da vontade<br />

de compreender, viver, para ela, pode significar, também, que<br />

nem tudo lhe foi ou é aceito.<br />

Compartilhando da ideia de infância em Benjamin, como seria<br />

a escola? O que seria importante pensar no momento de<br />

se definir e organizar práticas de leitura?<br />

Leitura como experiência coletiva<br />

As experiências infantis, ainda hoje, são vistas por muitos adultos<br />

como pouco importantes, como se estes estivessem alheios<br />

àquelas, à criança tomada como um “outro”. Kramer (1999, p.<br />

272) defende uma concepção de infância que reconheça suas<br />

especificidades, opondo-se a uma “concepção infantilizadora<br />

do ser humano”. Porque a infantilização é sempre uma aliada<br />

da desqualificação e, nesse sentido, a qualidade do que é oferecido<br />

às crianças, muitas vezes, como as propostas e os livros,<br />

por exemplo, não é questionada. É o que ocorre quando as escolas<br />

solicitam às famílias das crianças os portadores de texto<br />

e os materiais que serão utilizados. Isso pode acarretar uma<br />

organização de espaços inadequados à prática pedagógica.<br />

Concepção de infância e leitura como experiência coletiva:<br />

algumas implicações na formação de leitores na Educação Infantil do SESC<br />

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