Revista Intercâmbio 2011 - Sesc
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INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO<br />
Desenvolvimento cultural local: uma<br />
relação entre capital social e gestão cultural<br />
Desenvolvimento cultural<br />
A noção de desenvolvimento, embora predominantemente<br />
originária da economia, não se restringe a esse campo. Importantes<br />
autores consideram que a noção de desenvolvimento<br />
apresenta outras dimensões, como a social, a política, a ambiental,<br />
a territorial, a institucional e a tecnológica. Essas dimensões<br />
configuram relações dinâmicas entre si e, ao mesmo<br />
tempo, mantêm, cada qual, sua autonomia. Pois “o desenvolvimento<br />
é o processo de mudança em virtude do qual uma<br />
coletividade tem acesso em conjunto a um bem-estar maior”<br />
(HERMET, 2002, p. 20).<br />
Entre os anos de 1964 e 1980 há o período em que a produção<br />
e a circulação de bens culturais, associadas à inovação tecnológica,<br />
passaram a ser regidas pela lógica do mercado. Ocorreu,<br />
então, o fenômeno da crescente massificação da produção,<br />
distribuição e consumo de bens culturais no Brasil. A fase<br />
de repressão política e ideológica é, também, a fase de grande<br />
concentração populacional nos grandes centros urbanos, com<br />
o crescimento da classe média e de uma significativa “sociedade<br />
de consumo” (BARBOSA, 2004, p. 13).<br />
Para além do gosto, o consumo na sociedade contemporânea<br />
é sempre uma ação de aquisição de um bem pelo qual se paga<br />
um valor estabelecido pelas leis de mercado. O consumo material<br />
é sempre algo que atrai e é atraído por uma mercadoria. A<br />
tendência dominante na economia de mercado busca a especialização<br />
para obter maior eficácia nas vendas das mercadorias.<br />
Os bens são as partes materiais, visíveis, da cultura. Sabe-se<br />
que o consumo está presente em toda e qualquer sociedade humana<br />
e que todo e qualquer ato de consumo é essencialmente<br />
cultural. “Os bens que servem às necessidades físicas — comida<br />
ou bebida — não são menos portadores de significado do<br />
que a dança ou a poesia” (DOUGLAS, 2006, p. 120-121).<br />
O tema da cultura relacionada ao desenvolvimento está presente<br />
nas reflexões de Celso Furtado quando ele diz que “a política<br />
de desenvolvimento deve ser posta a serviço do processo de<br />
enriquecimento cultural” (FURTADO, 1984, p. 32). O importante<br />
economista, Ministro da Cultura no período de 1986-<br />
1988, no governo Sarney, acreditava que “um maior acesso aos<br />
bens culturais melhora a qualidade da vida dos membros de<br />
uma coletividade” (FURTADO, 1984, p. 32). Essa dinâmica<br />
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