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Revista Intercâmbio 2011 - Sesc

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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO | p. 8-23<br />

sividade, desordem, por exemplo). Contudo, o fato de ver a<br />

criança “positivamente” (inocente, pura, ingênua, exigente,<br />

digna de ser amada e respeitada) a aproxima de um olhar<br />

com base em uma “natureza infantil”, cujas contradições lhe<br />

são “típicas”.<br />

Esta ideia de natureza, que parece dar uma explicação satisfatória<br />

de como as crianças simplesmente seriam, se contrapõe,<br />

por sua vez, a outro aspecto sobre o qual uma visão de<br />

infância fica bem mais densa e complicada: a criança como ser<br />

social. E pensar na criança como ser social, e quando eu falo<br />

de criança falo também de bebês, significa pensar que infância<br />

não significa um simples conjunto de crianças, mas uma<br />

categoria social que se opõe a do adulto e que divide com esta<br />

espaços na sociedade.<br />

Tomando os estudos da linguagem e da cultura de Walter<br />

Benjamin, Lev. S. Vygotsky e Mikhail Bakhtin poderemos<br />

desconstruir a concepção romântica de infância. Para estes<br />

autores, embora por abordagens distintas, não há ser humano<br />

que esteja alheio ao mundo em que vive, muito menos<br />

às suas tensões e contradições, visto que é o homem, em sociedade,<br />

ao mesmo tempo em que ganha vida e sentido, dá<br />

sentido e vida à sociedade. Se a sociedade somos todos nós,<br />

as crianças também fazem parte dela, vivendo experiências<br />

junto com os adultos. É importante destacar que uma experiência,<br />

ao ser compartilhada, não significa estar sendo sentida<br />

e valorada da mesma maneira pelos sujeitos que dela participam,<br />

visto que, se há grupos sociais com interesses divergentes,<br />

há enunciados também divergentes, compondo uma<br />

arena de vozes sociais (FIORIN, 2006).<br />

Benjamin (1984), ao nos apresentar sua ideia de infância, mostra<br />

que é preciso reconhecê-la como um momento em que o<br />

indivíduo, social e cultural, luta pelos espaços que fazem parte<br />

da sua história e de seu grupo social. Misturando a criança<br />

aos heróis dos livros, reconhecendo-a como fazedora do novo<br />

a partir dos restos deixados pelos adultos, apresentando-<br />

-a como alma penada que entra na classe para não mais ser<br />

vista, comparando-a aos braços dos amantes na hora em que<br />

encontra seu doce favorito, deixando-a voar em seu cavalo,<br />

permitindo que ela colecione as pedras do caminho, ao viajar pelos<br />

selos com Vasco da Gama, o autor considera a criança cada<br />

vez mais longe da idealização e mais próxima do homem real.<br />

Concepção de infância e leitura como experiência coletiva:<br />

algumas implicações na formação de leitores na Educação Infantil do SESC<br />

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