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Revista Intercâmbio 2011 - Sesc

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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO INTERCÂMBIO . RIO DE JANEIRO . v. 1 . n. 1 . NOVEMBRO/FEVEREIRO | p. 76-97<br />

Introdução<br />

Com maior ênfase nas duas últimas décadas, as atividades<br />

físico-esportivas vêm se firmando como um dos marcantes<br />

fenômenos sociais do planeta. Tanto no contexto do esporte-<br />

-espetáculo, quanto no contexto das práticas dos exercícios físicos,<br />

percebe-se a atenção de diversos segmentos da sociedade<br />

nos campos das intervenções acadêmico-profissionais, na<br />

discussão e na definição de políticas públicas.<br />

Todo esse fenômeno parece traduzir a consolidação de valores<br />

que vêm permeando a prática de exercícios físicos, desde os<br />

tempos da Antiguidade (ELIAS, 1992; LOVISOLO, 2000, 2002;<br />

RUBIO, 2002). Valores esses que foram se afirmando na consciência<br />

coletiva 2 e que, em conformidade com o contexto histórico<br />

e cultural das sociedades, se revezam em importância e<br />

em ordem de prioridade, influenciando ideais e objetivos.<br />

De acordo com Elias (1992), as manifestações esportivas e<br />

corporais refletem o seu tempo e a forma na qual a sociedade<br />

está configurada, sua ordem social, o papel das instituições, as<br />

necessidades públicas e individuais e seus valores. Seguindo<br />

essa premissa, as práticas físico-esportivas no mundo moderno<br />

foram fortemente influenciadas pela instituição militar e médica,<br />

respondendo ao momento político, econômico e cultural<br />

da época. No Brasil, correspondeu ao movimento higienista, colaborando<br />

com corpos saudáveis, fortes e produtivos (SOARES,<br />

2001) e, posteriormente, à esportivização, incorporando o princípio<br />

do rendimento do mundo do trabalho e servindo à afirmação<br />

da nação (RESENDE; SOARES, 1996; BRACHT, 1999).<br />

Nos últimos anos, muitos dos estudos e das intervenções<br />

que destacam a importância da prática de exercício físico no<br />

tempo livre são motivados pela associação temática com a<br />

saúde na perspectiva biomédica (mais especificamente, com<br />

a prevenção de doenças crônico-degenerativas). Em contraponto,<br />

tem-se verificado um aumento gradativo de pesquisas<br />

e de publicações voltadas para a denúncia acerca da limitação<br />

dessa abordagem, desenvolvendo questões em torno de<br />

um entendimento da saúde ampliada, na qual se considera o<br />

contexto socioeconômico, ambiental e histórico-cultural de<br />

indivíduos e populações (CASTRO et al., 2009; ESPÍRITO<br />

SANTO; MOURÃO, 2004; FERREIRA; NAJAR, 2005; PALMA<br />

et al., 2006).<br />

1 Este texto tem origem na dissertação<br />

de mestrado da autora,<br />

Motivos que influenciam a<br />

adesão à prática de exercícios<br />

físicos, nos programas oferecidos<br />

pelo Serviço Social do<br />

Comércio (SESC) no Distrito<br />

Federal, defendida em 2006,<br />

no curso de pós-graduação<br />

em Educação Física, da Universidade<br />

Gama Filho, no Rio<br />

de Janeiro. O mestrado teve o<br />

apoio do Departamento Nacional<br />

do SESC, de acordo com<br />

sua política de capacitação de<br />

recursos humanos, e o levantamento<br />

de dados necessários<br />

à dissertação foi empreendido<br />

em parceria com o Departamento<br />

Regional do SESC, no<br />

Distrito Federal, destacando-<br />

-se a coordenação e a equipe<br />

de técnicos da Atividade DFE.<br />

2 A teoria da consciência coletiva<br />

foi desenvolvida por<br />

Durkheim, a partir da obra O<br />

suicídio (1897), como uma<br />

forma de teoria cultural. A<br />

consciência coletiva encontrada<br />

em todas as sociedades é<br />

formada pelas representações<br />

coletivas dos ideais, dos valores<br />

e dos sentimentos comuns<br />

a todos os seus indivíduos<br />

(CUCHE, 2002).<br />

Reflexões sobre a relação entre exercício<br />

físico-esportivo, saúde e lazer<br />

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