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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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Muammar Kadafi, transferiu oficialmente o poder ao<br />

Congresso Nacional em 8 de agosto de 2012.<br />

Sucessivos governos falharam em refrear as<br />

centenas de milícias armadas que preencheram o<br />

vácuo de segurança deixado após a queda do<br />

governo Kadafi em 2011. Muitas milícias continuaram<br />

agindo acima da lei, recusando-se a desarmarem-se<br />

ou a serem absorvidas pela polícia ou pelo exército.<br />

As iniciativas tomadas para integrar combatentes anti-<br />

Kadafi ao Comitê Supremo de Segurança, ligado ao<br />

Ministério do Interior, por exemplo, não tiveram<br />

qualquer apuração sistemática de antecedentes para<br />

eliminar de seus quadros perpetradores de torturas<br />

ou de outros crimes contra o direito internacional,<br />

abrindo a possibilidade de que novos abusos fossem<br />

cometidos.<br />

Em março, perante o Conselho de Direitos<br />

Humanos (CDH), a Comissão de Inquérito da ONU na<br />

Líbia informou que tanto as forças favoráveis quanto<br />

as contrárias a Kadafi haviam cometido crimes de<br />

guerra, crimes contra a humanidade e abusos dos<br />

direitos humanos durante o conflito de 2011. O CDH<br />

também informou que as milícias armadas haviam<br />

cometido graves abusos dos direitos humanos, tais<br />

como detenções arbitrárias e torturas, depois de<br />

encerradas as hostilidades. No entanto, em uma<br />

resolução do CDH sobre "Assistência à Líbia na área<br />

de direitos humanos", o governo líbio rejeitou a<br />

inclusão de um monitoramento dos direitos humanos<br />

e de qualquer referência à continuidade das violações.<br />

Em agosto, milícias armadas destruíram locais de<br />

prática religiosa sufi em Trípoli e Zliten; não se tem<br />

conhecimento de qualquer prisão ou processo<br />

relacionados a esses ataques. Atentados a bomba e<br />

outros ataques, principalmente em Benghazi, tiveram<br />

como alvo edifícios públicos, como tribunais e<br />

delegacias de polícia, bem como missões<br />

diplomáticas e organizações internacionais.<br />

No dia 11 de setembro, o embaixador dos Estados<br />

Unidos, J. Christopher Stevens, e outros três cidadãos<br />

estadunidenses foram mortos em um atentado contra<br />

o posto diplomático dos EUA em Benghazi. O governo<br />

líbio condenou o ataque e anunciou algumas prisões;<br />

porém, até o fim do ano, ninguém havia sido levado à<br />

Justiça.<br />

Prisões e detenções arbitrárias<br />

Em maio, o Conselho Nacional de Transição aprovou<br />

a Lei nº 38 sobre os procedimentos relativos ao<br />

Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />

período de transição, dando aos ministérios do<br />

Interior e da Defesa não mais que 60 dias para que<br />

remetessem os casos de detentos em poder das<br />

milícias armadas a promotores civis ou militares.<br />

Apesar disso, milhares de pessoas que supostamente<br />

apoiaram ou lutaram a favor do governo de Kadafi<br />

permaneceram sob custódia de milícias e de órgãos<br />

de segurança semioficiais. Apesar de mais de 30<br />

prisões terem sido oficialmente transferidas ao<br />

controle de Departamento de Polícia Judicial e de,<br />

em dezembro, o Ministério da Justiça ter delineado<br />

uma estratégia para retomar o controle efetivo dos<br />

presídios, milicianos continuaram trabalhando como<br />

guardas ou administradores em muitas prisões. A<br />

maior parte das pessoas que se encontravam detidas<br />

por envolvimento no conflito armado de 2011 não<br />

havia sido nem acusada nem julgada no fim de 2012.<br />

Alguns detentos não puderam receber visitas<br />

familiares, e pouquíssimos tiveram acesso a<br />

advogados.<br />

Milícias armadas seguiram capturando ou<br />

sequestrando indivíduos que suspeitassem ter<br />

apoiado ou lutado pelo governo de Kadafi,<br />

apreendendo-os em suas casas, locais de trabalho,<br />

nas ruas ou em postos de controle. Muitos eram<br />

imediatamente espancados e tinham suas casas<br />

saqueadas e danificadas. Integrantes de<br />

comunidades consideradas apoiadoras de Kadafi,<br />

como os tawarghas, eram os mais vulneráveis. Os<br />

detidos costumavam ser levados de um local de<br />

detenção improvisado para outro antes de serem<br />

transferidos para presídios ou centros de detenção<br />

oficiais ou semioficiais, quando então seus familiares<br />

tomavam conhecimento de seu paradeiro. O destino<br />

e o paradeiro de algumas pessoas sequestradas pelas<br />

milícias continuava desconhecido.<br />

n Bashir Abdallah Badaoui, ex-chefe do<br />

Departamento de Investigações Criminais de Trípoli, e<br />

seu filho, Hossam Bashir Abdallah, de 19 anos, foram<br />

sequestrados por milicianos armados, no dia 13 de<br />

abril, nas proximidades de sua casa em Trípoli.<br />

Hossam Bashir Abdallah foi solto depois de cinco dias,<br />

mas o paradeiro de seu pai continuava desconhecido<br />

apesar dos esforços da família para encontrá-lo.<br />

Tortura e outros maus-tratos<br />

A tortura e outros maus-tratos continuaram sendo<br />

extensamente praticados, sobretudo nos locais de<br />

detenção controlados pelas milícias, além de serem<br />

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