INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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S<br />
hospital militar, onde ele e outros indivíduos foram<br />
surrados, insultados, impedidos de usar o toalete e<br />
privados de medicamentos. No dia 14 de maio, ele foi<br />
deportado para a Jordânia.<br />
Grupos de oposição armados também torturaram<br />
ou submeteram a maus-tratos membros das forças<br />
de segurança ou apoiadores do governo capturados.<br />
Mortes sob custódia<br />
Pelo menos 550 pessoas, inclusive menores, teriam<br />
morrido sob custódia, a maioria, ao que parece, em<br />
consequência de tortura ou de outros maus-tratos.<br />
Muitos eram supostos opositores do governo.<br />
Ninguém foi levado à Justiça por essas mortes.<br />
n Os irmãos Ahmad e Yahia Kaake foram presos em<br />
um posto de controle do exército próximo a Aleppo em<br />
29 de setembro. Alguns dias depois, um parente<br />
encontrou o corpo de Ahmad Kaake em um necrotério,<br />
com quatro ferimentos de bala. Yahia Kaake<br />
permanecia detido incomunicável.<br />
Desaparecimentos forçados<br />
As forças do governo não revelaram informações sobre<br />
o destino de centenas, possivelmente milhares, de<br />
pessoas detidas no contexto do conflito em condições<br />
que configuravam desaparecimentos forçados.<br />
Ademais, as autoridades continuaram sem oferecer<br />
explicações sobre as cerca de 17 mil pessoas que<br />
desapareceram sob custódia síria desde o fim da<br />
década de 1970. Entre elas, estavam centenas de<br />
cidadãos palestinos e libaneses que haviam sido<br />
presos na Síria ou sequestrados no Líbano por forças<br />
sírias ou por milícias libanesas e palestinas.<br />
Entretanto, a libertação do cidadão libanês Yacoub<br />
Chamoun, quase 27 anos depois de seu<br />
desaparecimento, renovou as esperanças de algumas<br />
famílias de que seus entes queridos ainda pudessem<br />
estar vivos.<br />
n A ativista Zilal Ibrahim al Salhani desapareceu após<br />
ser presa em sua casa em Aleppo, no dia 28 de julho,<br />
pelas forças de segurança. No fim do ano, seu<br />
paradeiro continuava desconhecido.<br />
Impunidade<br />
O Governo não tomou qualquer medida para<br />
investigar as numerosas denúncias contra suas forças,<br />
nem para levar à Justiça os supostos responsáveis por<br />
violações graves dos direitos humanos, por crimes<br />
contra a humanidade ou por crimes de guerra. Ao<br />
contrário, manteve um regime de impunidade, com<br />
leis que conferiam aos membros das forças de<br />
segurança imunidade efetiva pelos homicídios ilegais,<br />
torturas, desaparecimentos forçados e outras violações<br />
dos direitos humanos. As autoridades tampouco<br />
tomaram qualquer medida para investigar e<br />
responsabilizar os autores de violações graves<br />
cometidas no passado, como os milhares de<br />
desaparecimentos forçados e os homicídios dos<br />
internos da prisão de Saydnaya, em 2008, e da prisão<br />
de Tadmur em junho de 1980. Em fevereiro, a<br />
comissão de investigação internacional independente<br />
entregou à alta comissária da ONU para os Direitos<br />
Humanos uma lista selada com os nomes de<br />
autoridades do alto escalão que deveriam ser<br />
investigadas por crimes contra a humanidade.<br />
Os grupos de oposição armados também<br />
desrespeitaram o direito internacional humanitário,<br />
especialmente ao não impedir a prática de crimes<br />
como a tortura e a execução sumária de pessoas<br />
capturadas.<br />
Refugiados e pessoas desalojadas dentro<br />
do país<br />
As forças do governo lançaram frequentes ataques<br />
aéreos indiscriminados contra áreas controladas pela<br />
oposição, obrigando quase todos os moradores a fugir.<br />
Outras pessoas, principalmente de comunidades<br />
minoritárias, também abandonaram suas casas por<br />
temerem ataques dos grupos armados de oposição.<br />
Muitas acamparam em áreas rurais ou refugiaram-se<br />
em cavernas; outras foram morar com parentes ou<br />
deixaram o país. Refugiados procedentes de outros<br />
lugares que viviam na Síria, sobretudo palestinos,<br />
tiveram mais dificuldades para buscar segurança.<br />
Em dezembro, a ONU calculou que havia dentro da<br />
Síria mais de dois milhões de pessoas desalojadas<br />
pelo conflito e que necessitavam de ajuda<br />
humanitária. Segundo o ACNUR, a agência da ONU<br />
para os refugiados, quase 600 mil sírios haviam se<br />
registrado ou aguardavam para registrarem-se como<br />
refugiados na Turquia, na Jordânia, no Líbano, no<br />
Iraque ou no norte da África. Acredita-se, contudo,<br />
que o número total de pessoas que deixaram a Síria<br />
seja mais alto. Os países vizinhos permitiram que<br />
milhares de refugiados da Síria entrassem em seu<br />
território em busca de segurança e de ajuda. No<br />
entanto, em meados de agosto, a Turquia e o Iraque<br />
restringiram sua entrada, em violação ao direito<br />
156 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional