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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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C<br />

Em dezembro, o Congresso aprovou uma lei<br />

conferindo ao sistema de justiça militar um maior<br />

controle sobre as investigações de violações dos<br />

direitos humanos, ameaçando solapar o direito das<br />

vítimas à verdade, à justiça e à reparação.<br />

Todas as partes no prolongado conflito armado –<br />

forças de segurança, atuando sozinhas ou coligadas<br />

aos paramilitares, e grupos guerrilheiros –<br />

continuaram sendo responsáveis por graves<br />

violações e abusos do direito internacional<br />

humanitário, como homicídios ilegais,<br />

desalojamentos forçados, tortura, sequestros ou<br />

desaparecimentos forçados e violências sexuais. As<br />

principais vítimas foram os povos indígenas, as<br />

comunidades de agricultores e de afrodescendentes,<br />

as defensoras e defensores dos direitos humanos e os<br />

sindicalistas.<br />

A Lei de Vítimas e Restituição de Terras,<br />

concebida para que sejam devolvidos a seus<br />

proprietários de direito alguns dos milhões de<br />

hectares de terras que foram expropriadas, quase<br />

sempre com violência, no decorrer do conflito,<br />

entrou em vigor no dia 1º de janeiro. Porém, a reação<br />

contrária daqueles que se beneficiaram dessas<br />

expropriações resultou em ameaças e assassinatos<br />

das pessoas que se mobilizaram para que as terras<br />

fossem restituídas, bem como das que tentavam<br />

voltar para suas terras.<br />

Conflito armado interno<br />

Os civis continuaram a sofrer as piores<br />

consequências dos abusos dos direitos humanos e<br />

das violações do direito internacional humanitário que<br />

se relacionavam ao conflito. Embora os números<br />

exatos não estivessem disponíveis, sabe-se que<br />

dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a<br />

abandonar suas casas em 2012 em consequência<br />

direta do conflito. Em sua maioria eram indígenas,<br />

afrodescendentes e agricultores das zonas rurais.<br />

n Em junho, mais de 130 pessoas do município de El<br />

Tarra, no departamento de Norte de Santander, e<br />

aproximadamente 400 pessoas do município de Leiva,<br />

no departamento de Nariño, foram obrigadas a fugir de<br />

suas casas.<br />

Comunidades civis, como a Comunidade de Paz de<br />

San José de Apartadó, no departamento de<br />

Antioquia, que resistem a ser arrastadas para o<br />

conflito pelas partes beligerantes, continuaram sendo<br />

submetidas a sérios abusos dos direitos humanos.<br />

n Em 28 de junho, dois integrantes da Comunidade de<br />

Paz foram perseguidos por 50 paramilitares armados<br />

das Autodefesas Gaitanistas da Colômbia, que<br />

ameaçaram matar o agricultor Fabio Graciano.<br />

n Em 4 de fevereiro, dois paramilitares em uma<br />

motocicleta dispararam contra Jesús Emilio Tuberquia,<br />

representante legal da Comunidade de Paz. O ataque,<br />

na cidade de Apartadó, aconteceu a apenas cem<br />

metros de um posto de controle policial.<br />

Atentados a bomba em áreas urbanas causaram a<br />

morte de civis.<br />

n Em 15 de maio, a explosão de um carro bomba na<br />

capital Bogotá feriu mais de 50 pessoas, entre elas o<br />

ex-ministro do Interior, Fernando Londoño. Seu<br />

motorista e seu guarda-costas foram mortos. Embora<br />

nenhum grupo tenha reivindicado a autoria do<br />

atentado, as autoridades culparam as FARC.<br />

Em julho, a Colômbia ratificou a Convenção<br />

Internacional sobre a Proteção de Todas as Pessoas<br />

contra os Desaparecimentos Forçados. Porém, não<br />

reconheceu a competência do Comitê da ONU para<br />

Desaparecimentos Forçados, negando, assim, às<br />

vítimas e a seus familiares um importante recurso<br />

para a justiça. Apesar da dificuldade em estabelecer<br />

os números exatos, acredita-se que, pelo menos, 30<br />

mil pessoas desapareceram à força no decorrer do<br />

conflito.<br />

n Hernán Henry Díaz, porta-voz da Mesa de<br />

Organizações Sociais do departamento de Putumayo<br />

e membro da Federação Nacional Sindical Unitária<br />

Agropecuária (FENSUAGRO), foi visto pela última<br />

vez no dia 18 de abril. Na época de seu<br />

desaparecimento forçado, ele coordenava a<br />

participação dos delegados de Putumayo em uma<br />

manifestação política nacional que aconteceria no<br />

fim daquele mês em Bogotá.<br />

Direitos dos povos indígenas<br />

O impacto do conflito sobre os povos indígenas<br />

intensificou-se com as hostilidades que assolam seus<br />

territórios, principalmente nos departamentos de<br />

Cauca e de Valle del Cauca. Segundo a Organização<br />

Nacional Indígena da Colômbia (ONIC), pelo menos<br />

84 índios foram mortos em 2012, dos quais 21 eram<br />

líderes em suas comunidades.<br />

n No dia 12 de agosto, Lisandro Tenorio, liderança<br />

espiritual dos índios Nasa, foi morto a tiros,<br />

supostamente por guerrilheiros das FARC, diante de<br />

sua casa em Caloto, no departamento de Cauca.<br />

62 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional

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