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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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A<br />

desarmar e dispersar os mineiros foi levada ao ponto<br />

de usar unidades policiais armadas somente com<br />

força letal. Além disso, em seu testemunho, o policial<br />

encarregado de investigar a cena do tiroteio de 16 de<br />

agosto relatou à comissão que a cena havia sido<br />

alterada, tornando impossível que ele ou outros<br />

investigadores pudessem relacionar qualquer dos<br />

mineiros mortos a armas que eles supostamente<br />

portassem antes de serem mortos.<br />

n Em outubro, a Comissão de Direitos Humanos da<br />

África do Sul emitiu um relatório criticando a polícia<br />

pelo uso de força excessiva que causou a morte de<br />

Andries Tatane durante um protesto comunitário em<br />

Ficksburg, em abril de 2011. Ele havia sido espancado<br />

com cassetetes e atingido por balas de borracha<br />

disparadas à queima roupa, apesar de não apresentar<br />

qualquer ameaça à polícia ou à população. Em<br />

dezembro, o julgamento de sete policiais acusados da<br />

morte de Andries Tatane foi adiado até março de <strong>2013</strong>.<br />

Mudanças legais, constitucionais e institucionais<br />

Em novembro, o Comitê Parlamentar da Pasta de<br />

Justiça e Desenvolvimento Constitucional introduziu<br />

emendas em um projeto de lei sobre Prevenção e<br />

Combate à Tortura de Pessoas, que será debatido<br />

integralmente pelo Parlamento em <strong>2013</strong>. Antes disso,<br />

em setembro, o projeto de lei já havia sido objeto de<br />

audiências públicas. Organizações jurídicas, de<br />

direitos humanos e outras organizações da sociedade<br />

civil, bem como a Anistia Internacional, prestaram<br />

testemunho e fizeram recomendações para fortalecer<br />

o projeto legislativo. Embora algumas dessas<br />

recomendações tenham sido aceitas, as disposições<br />

relativas à reparação para vítimas de tortura ficaram<br />

aquém das normas internacionais.<br />

Em maio, a Corte Superior declarou inválida uma<br />

decisão das autoridades de não investigar denúncias<br />

de tortura cometidas por pessoas identificadas<br />

nominalmente no Zimbábue. O Centro de Litígios da<br />

África Austral e o Fórum de Exilados do Zimbábue<br />

requereram o cumprimento das obrigações<br />

assumidas pela África do Sul em virtude do Estatuto<br />

de Roma do Tribunal Penal Internacional. A Corte<br />

Superior ordenou que as autoridades conduzissem as<br />

investigações necessárias.<br />

Em julho, o Tribunal Constitucional indeferiu um<br />

recurso do governo contra uma decisão anterior da<br />

Corte Superior, a qual declarava ilegais as tentativas<br />

de transferir dois cidadãos botsuanenses para<br />

Botswana sem garantias prévias de que não seriam<br />

submetidos à pena de morte. A Anistia Internacional<br />

interveio nos procedimentos judiciais da Corte<br />

Constitucional na condição de Amicus Curiae (Amigo<br />

da Corte).<br />

Refugiados e requerentes de asilo<br />

Mudanças de grande abrangência continuaram a ser<br />

feitas no sistema de asilo, afetando, cada vez mais, o<br />

acesso não discriminatório aos procedimentos para<br />

determinação de asilo. Documentos apresentados<br />

pelo governo em audiências judiciais indicavam a<br />

intenção de transferir tais serviços para as fronteiras.<br />

A interrupção parcial ou total do serviço nos<br />

escritórios de recepção aos refugiados de Port<br />

Elizabeth e Cape Town, bem como o fechamento do<br />

escritório de Joanesburgo em 2011, diminuiu ainda<br />

mais a possibilidade dos requerentes de asilo e das<br />

pessoas já reconhecidas como refugiados de entrar<br />

com pedidos, de renovar suas licenças temporárias<br />

ou de prorrogar os documentos que conferem a<br />

condição de refugiado. Testemunhos das pessoas<br />

atingidas, sobretudo as mais pobres e que possuem<br />

família, mostraram que elas corriam risco de ser<br />

multadas, detidas e repatriadas de modo direto ou<br />

construtivo.<br />

Contestações judiciais dessas práticas nas Cortes<br />

Superiores, movidas por associações de refugiados,<br />

prestadores de serviços e advogados de direitos<br />

humanos, em Port Elizabeth e Cape Town, resultaram<br />

em decisões contrárias ao Departamento do Interior<br />

nos meses de fevereiro, maio, julho e agosto. Ainda<br />

assim, monitores verificaram que tais serviços<br />

continuaram sendo negados nos escritórios de<br />

recepção.<br />

O CNA, em sua Conferência Nacional sobre<br />

Políticas, adotou algumas recomendações referentes<br />

à imigração, como a criação de "centros [campos]<br />

para requerentes de asilo". Em dezembro, os<br />

participantes da conferência para eleger a liderança<br />

do CNA teriam aceitado as recomendações em uma<br />

resolução sobre "paz e estabilidade".<br />

No decorrer do ano, foram documentados na<br />

maioria das nove províncias inúmeros incidentes de<br />

saques e destruição de lojas, bem como o<br />

desalojamento de refugiados reconhecidos, de<br />

requerentes de asilo e de migrantes. Em um dos<br />

piores incidentes, que começou no fim de junho,<br />

38 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional

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