INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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públicas e aos atrasos na liberação dos fundos<br />
prometidos pela comunidade internacional. Até<br />
setembro, apenas 2,7 bilhões dos 5,53 bilhões de<br />
dólares prometidos pelos EUA haviam sido liberados.<br />
Em maio, foi aprovada uma lei ratificando o<br />
PIDESC. Entretanto, até o fim do ano, o Presidente<br />
não a havia promulgado.<br />
Pessoas desalojadas dentro do país<br />
Mais de 320 mil pessoas desabrigadas pelo terremoto<br />
de janeiro de 2010 ainda viviam em campos<br />
improvisados no fim de 2012. O governo, com<br />
assistência da Organização Internacional para as<br />
Migrações e de seus parceiros, continuou a pôr em<br />
prática programas de retorno e reassentamento para<br />
os desalojados internos que viviam nos campos com<br />
maiores riscos de serem afetados por desastres<br />
naturais. No decorrer de 2012, cerca de 134 mil<br />
famílias tiveram assistência para deixar os campos<br />
por meio de auxílio-moradia ou de ofertas de abrigos<br />
temporários.<br />
As condições de vida nos campos continuaram<br />
péssimas. Embora o saneamento tenha melhorado<br />
em alguns deles, a qualidade da água ainda era<br />
preocupante e poderia estar relacionada ao aumento<br />
dos casos de cólera registrados na estação de chuvas<br />
e furacões (de abril a novembro).<br />
Direito à moradia – remoções forçadas<br />
As remoções forçadas de pessoas desalojadas dentro<br />
do país prosseguiram em Porto Príncipe e em outras<br />
áreas afetadas pelo terremoto. Milhares de pessoas<br />
ficaram novamente sem teto quando seus abrigos<br />
temporários foram destruídos durante a remoção.<br />
Esses despejos foram executados sem respeitar o<br />
devido processo, sem notificação adequada e sem<br />
consulta. As pessoas que perderam suas moradias<br />
não receberam proposta de habitação alternativa. As<br />
remoções forçadas envolveram coerção, hostilidades<br />
e violências.<br />
Tais remoções contribuíram para diminuir o<br />
número de pessoas que viviam nos campos<br />
temporários e para o fechamento de muitos deles.<br />
Entre janeiro e junho, mais de 30 campos foram<br />
fechados após remoções forçadas, afetando mais de<br />
2.140 pessoas. Mais de 75 mil pessoas estavam sob<br />
constante ameaça de despejo.<br />
n Em maio, funcionários municipais acompanhados<br />
de agentes armados da Brigada de Controle de Ruas e<br />
Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />
da polícia nacional removeram à força 131 famílias de<br />
Campo Mozayik, em Porto Príncipe. Ex-moradores do<br />
campo contaram que os funcionários demoliram suas<br />
casas e destruíram seus pertences. Ninguém recebeu<br />
acomodação alternativa nem aviso adequado.<br />
n Em julho, as autoridades tentaram remover à força<br />
142 famílias de uma comunidade estabelecida na<br />
década de 1980 em Parc La Visite, uma reserva natural<br />
no departamento Sudeste. Segundo testemunhas, 30<br />
policiais e 20 civis armados chegaram para executar a<br />
remoção. Membros da comunidade atiraram pedras<br />
contra os policiais quando eles começaram a destruir<br />
suas casas. Os policiais atiraram contra as pessoas,<br />
matando quatro homens. As autoridades negaram<br />
qualquer envolvimento com o incidente e, até o fim do<br />
ano, nenhuma investigação havia sido realizada sobre<br />
os disparos.<br />
Em abril, o governo apresentou o primeiro projeto<br />
formulado no país para uma Política Nacional de<br />
Habitação. Causou preocupação a ausência de uma<br />
perspectiva de direitos humanos e o fato de o projeto<br />
não tratar da questão das remoções forçadas.<br />
Violência contra mulheres e meninas<br />
Mulheres e meninas continuaram a sofrer<br />
discriminação com base em seu gênero. Segundo<br />
relatórios de ONGs que trabalham pelos direitos da<br />
mulher, as mulheres que viviam nos campos para<br />
desalojados internos ainda corriam maior risco de<br />
serem submetidas à violência de gênero e à<br />
exploração sexual. Compelidas pela pobreza,<br />
mulheres e meninas continuaram a envolver-se em<br />
relações sexuais mercantilizadas a fim de garantir seu<br />
sustento. A polícia e o sistema de justiça do Haiti<br />
fizeram alguns avanços em sua resposta à violência<br />
de gênero, mas ofereceram às mulheres poucas<br />
oportunidades de justiça e reparação.<br />
Impunidade<br />
Indivíduos responsáveis por graves violações dos<br />
direitos humanos, como desaparecimentos forçados,<br />
tortura, estupro e execuções extrajudiciais nas últimas<br />
quatro décadas continuaram a evadir-se da Justiça.<br />
Em janeiro, um juiz de instrução indeferiu as ações<br />
judiciais por crimes contra a humanidade impetradas<br />
por 22 vítimas contra o ex-presidente Jean-Claude<br />
Duvalier. O juiz concluiu que Jean-Claude Duvalier<br />
deveria ser julgado somente por corrupção e<br />
apropriação indevida de fundos públicos. Em seu<br />
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