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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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Negras – Bloque Capital enviou ameaças de morte para<br />

diversas ONGs de direitos humanos, inclusive<br />

organizações de mulheres e organizações que<br />

trabalham com questões de restituição de terras,<br />

acusando-as de fazer "lavagem cerebral nas pessoas<br />

desalojadas, fazendo-se passar por defensores dos<br />

direitos humanos" e dizendo que "parem de criar<br />

confusão com a questão da restituição de terras".<br />

Mulheres defensoras dos direitos humanos foram<br />

alvo de ataques, principalmente dos grupos<br />

paramilitares. Algumas foram estupradas com o<br />

propósito de silenciá-las.<br />

n No dia 29 de janeiro, Cleiner María Almanza Blanco,<br />

líder comunitária que trabalha com mulheres<br />

desalojadas, foi obrigada, por um grupo de homens<br />

não identificados, a entrar em um táxi. Eles a levaram<br />

para um local desconhecido, onde a interrogaram<br />

sobre pessoas que ela conhecia e com quem<br />

trabalhava. Ela foi chutada e atirada contra o táxi. Um<br />

dos homens a estuprou. Em 2010, a Comissão<br />

Interamericana de Direitos Humanos ordenou que as<br />

autoridades proporcionassem medidas de proteção a<br />

Cleiner María Almanza e a outras 13 mulheres que<br />

corriam perigo. Quatro dessas 14 mulheres haviam<br />

sido estupradas.<br />

Violência contra a mulher<br />

Todas as partes no conflito submeteram mulheres a<br />

violências sexuais, como estupro e outras formas de<br />

violência baseada em gênero.<br />

n Em 18 de maio, uma mulher indígena foi estuprada<br />

por um soldado do exército à beira de uma estrada no<br />

departamento de Putumayo. A unidade do exército na<br />

qual o soldado servia ficava, na época, a apenas cem<br />

metros do local.<br />

n Em 16 de março, oito homens mascarados e<br />

fortemente armados, que vestiam trajes civis, mas que<br />

se acredita serem paramilitares, adentraram uma<br />

comunidade afrodescendente em Tumaco,<br />

departamento de Nariño. Eles ameaçaram e<br />

espancaram os moradores, estupraram duas mulheres<br />

e abusaram sexualmente de uma adolescente de 16<br />

anos.<br />

Muito poucos perpetradores de abusos como esses<br />

foram levados à Justiça. Porém, em um raro caso de<br />

êxito, no dia 27 de agosto, o subtenente Raúl Muñoz<br />

Linares foi sentenciado a 60 anos de prisão pelo<br />

estupro e assassinato de Jenni Torres, uma menina<br />

de 14 anos, pelo assassinato de seus irmãos, de 9 e<br />

Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />

de 6 anos, e pelo estupro de outra menina em Tame,<br />

no departamento de Arauca, em outubro de 2010.<br />

No fim do ano, tramitava no Congresso um projeto<br />

de lei para "garantir o acesso à Justiça para as vítimas<br />

de violência sexual, sobretudo da violência sexual<br />

cometida no contexto do conflito armado". Caso<br />

aprovada, a lei irá, entre outras coisas, emendar o<br />

Código Penal a fim de tipificar como delito penal<br />

certas formas de violência sexual relacionadas ao<br />

conflito, tais como nudez, aborto e gravidez forçados.<br />

A representante especial do secretário-geral da<br />

ONU para questões de violência sexual em situações<br />

de conflito visitou a Colômbia em maio. Durante a<br />

visita, ela declarou que mais medidas precisam ser<br />

tomadas para garantir o acesso à Justiça às<br />

sobreviventes de violência sexual em situação de<br />

conflito.<br />

Assistência dos Estados Unidos<br />

Em 2012, os EUA alocaram cerca de 482 milhões de<br />

dólares em assistência militar e não militar à<br />

Colômbia, dos quais 281 foram destinados às forças<br />

de segurança. Em setembro, cerca de 12 milhões em<br />

fundos de assistência à segurança referentes a 2011<br />

foram liberados depois que o Departamento de<br />

Estado dos EUA determinou que a Colômbia fizera<br />

progressos significativos em termos de melhora da<br />

situação de direitos humanos.<br />

Escrutínio internacional<br />

O relatório do Escritório do Alto Comissariado das<br />

Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)<br />

sobre a Colômbia, publicado em janeiro, reconheceu<br />

que "importantes iniciativas legislativas e de políticas<br />

públicas foram empreendidas [e] violações dos<br />

direitos humanos foram condenadas [pelas<br />

autoridades públicas]". Porém, o relatório<br />

reconheceu também que "tais esforços ainda terão de<br />

alcançar os objetivos esperados em nível local". O<br />

relatório notou ainda que "um número significativo de<br />

violações dos direitos humanos e do direito<br />

internacional humanitário continua sendo cometido,<br />

sobretudo por grupos armados ilegais, mas também,<br />

supostamente, por agentes do Estado" e que essa<br />

situação estava provocando "sérias consequências<br />

humanitárias para os civis". Segundo o ACNUDH, a<br />

impunidade continuava "um problema estrutural".<br />

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