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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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detenção, ou o tratamento e as condições a que<br />

estavam sendo submetidas. Pessoas detidas por<br />

suspeita de imigração irregular sofriam as<br />

costumeiras agressões verbais, espancamentos e<br />

outros maus-tratos, em alguns casos constituindo<br />

tortura. Pelo menos dois cidadãos estrangeiros<br />

morreram sob custódia nas mãos das milícias.<br />

n No dia 13 de setembro, um grupo de mulheres<br />

nigerianas aprisionadas no centro de detenção de<br />

Tweisha, em Trípoli, foram brutalmente espancadas<br />

com mangueiras e outros objetos por 11 homens<br />

vestidos à paisana. Algumas receberam choques<br />

elétricos. As autoridades não tomaram qualquer<br />

providência contra os responsáveis.<br />

Pessoas desalojadas dentro do país<br />

As autoridades não tomaram qualquer medida real<br />

para facilitar o retorno seguro para suas casas de<br />

comunidades inteiras que foram desalojadas à força<br />

durante o conflito de 2011, como os moradores de<br />

Tawargha, Mashashiya, Gawalish e outras áreas onde<br />

se presume que a população apoiasse Muammar<br />

Kadafi. As milícias armadas provocaram ainda mais<br />

destruição nessas áreas de modo a torná-las<br />

inabitáveis, detendo arbitrariamente e submetendo a<br />

abusos os membros dessas comunidades, sobretudo<br />

os tawarghas.<br />

n Quatro homens de Tawargha foram presos no<br />

aeroporto de Trípoli no dia 6 de maio, quando<br />

chegaram em um voo de Benghazi. Um parente que os<br />

acompanhava foi informado de que eles logo seriam<br />

soltos; porém, no fim do ano, eles continuavam detidos<br />

sem julgamento em Misratah.<br />

Aproximadamente 58 mil pessoas estariam<br />

desalojadas dentro do país no fim do ano; milhares<br />

haviam sido acomodadas em acampamentos<br />

precários em Trípoli e Benghazi.<br />

Impunidade<br />

As autoridades prometeram investigar as graves<br />

violações de direitos humanos cometidas sob o<br />

regime de Muammar Kadafi, e começaram a<br />

investigar diversos oficiais graduados e supostos<br />

seguidores leais de Kadafi. No entanto, não tomaram<br />

qualquer medida para investigar as atuais violações<br />

cometidas pelas milícias armadas ou para levar os<br />

responsáveis à Justiça.<br />

Em maio, o Conselho Nacional de Transição<br />

aprovou a Lei nº 17, que cria uma Comissão de<br />

Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />

Inquérito e Reconciliação. Não estava claro se o<br />

mandato da Comissão cobriria apenas crimes<br />

cometidos pelo antigo governo ou se incluiria os<br />

crimes cometidos por outros. Até o fim do ano, não se<br />

tinha conhecimento de qualquer investigação efetiva<br />

conduzida pela Comissão.<br />

A Lei nº 35 sobre anistia, aprovada em maio pelo<br />

Conselho Nacional de Transição, não estava de<br />

acordo com as obrigações da Líbia sob o direito<br />

internacional de investigar supostos crimes contra a<br />

humanidade, crimes de guerra, desaparecimentos<br />

forçados e execuções extrajudiciais, além de<br />

processar os supostos perpetradores.<br />

A Lei nº 38 de 2012 previa total imunidade para os<br />

milicianos por ações que se considerasse terem sido<br />

praticadas com o intuito de "proteger a Revolução de<br />

17 de Fevereiro".<br />

Nenhuma investigação significativa foi realizada<br />

pelas autoridades sobre os supostos crimes de guerra<br />

e os graves abusos dos direitos humanos, como<br />

tortura e homicídios ilegais, cometidos pelas milícias<br />

armadas durante e após o conflito armado. Nenhuma<br />

conclusão oficial foi divulgada com relação à aparente<br />

execução extrajudicial de Muammar Kadafi, de seu<br />

filho Mutassim e de outros supostos soldados e<br />

partidários de Kadafi após sua captura em 2011.<br />

As autoridades líbias recusaram-se a entregar Saif<br />

al Islam al Kadafi e Abdallah al Senussi, extraditados<br />

da Mauritânia para a Líbia em 5 de setembro, para o<br />

Tribunal Penal Internacional (TPI) a fim de serem<br />

julgados por duas acusações de crimes contra a<br />

humanidade. Em junho, quatro funcionários do TPI<br />

foram detidos por mais de três semanas por milícias<br />

de Zintan, que os acusaram de violar a segurança<br />

nacional. No fim do ano, o Juízo de Instrução do TPI<br />

ainda não havia se manifestado sobre a<br />

admissibilidade de uma ação impetrada pelo governo<br />

líbio, em 1º de maio, requerendo que Saif al Islam al<br />

Kadafi fosse julgado com base na jurisdição líbia, e<br />

não na do TPI.<br />

Liberdade de expressão e de reunião<br />

A quantidade de veículos de comunicação e de<br />

grupos da sociedade civil aumentou<br />

exponencialmente. Críticos das milícias armadas,<br />

inclusive jornalistas líbios e estrangeiros, enfrentaram<br />

ameaças, intimidações, hostilidades e detenções, o<br />

que acabou resultando em autocensura.<br />

n Em 25 de agosto, Nabil Shebani, diretor da TV<br />

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