INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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E<br />
n Em julho, o Tribunal Constitucional declinou de<br />
revisar uma sentença de 2011 do Tribunal Supremo<br />
que absolvia quatro agentes da Guarda Civil que, em<br />
dezembro de 2010, haviam sido condenados pelo<br />
Tribunal Provincial de Guipúzcoa por torturar Igor Portu<br />
e Mattin Sarasola em 6 de janeiro de 2008 quando eles<br />
estavam em custódia da polícia.<br />
Segurança e combate ao terrorismo<br />
Prosseguiram as investigações dos crimes cometidos<br />
por membros do grupo armado ETA.<br />
A Espanha continuou desacatando as<br />
recomendações de organismos internacionais de<br />
direitos humanos para que deixasse de manter em<br />
detenção incomunicável as pessoas suspeitas de<br />
delitos relacionados ao terrorismo. Essa prática<br />
permite que os suspeitos permaneçam detidos por<br />
até 13 dias sem acesso a um médico ou a um<br />
advogado de sua escolha, e sem poder consultar de<br />
modo privado o advogado público designado pelo<br />
Estado, nem informar sua família de seu paradeiro.<br />
n Em dezembro, o Tribunal Supremo espanhol rejeitou<br />
um recurso apresentado pelos advogados no caso dos<br />
"seis de Bush" para processar seis indivíduos na<br />
Espanha, uma vez que o caso não havia avançado nos<br />
tribunais dos Estados Unidos. Eles haviam sido<br />
acusados de cumplicidade na criação do marco<br />
jurídico que resultou na tortura de pessoas suspeitas<br />
de terrorismo em centros de detenção administrados<br />
pelos EUA. Apesar das evidências em contrário, o<br />
Tribunal Supremo decidiu que os Estados Unidos<br />
estavam conduzindo investigações. Esperava-se que<br />
um recurso contra a decisão fosse apresentado ao<br />
Tribunal Constitucional.<br />
Racismo e discriminação<br />
Muçulmanos e outras minorias religiosas continuaram<br />
a enfrentar obstáculos para conseguir permissões<br />
para abrir locais de culto em alguns municípios da<br />
Catalunha, depois que várias localidades<br />
suspenderam a concessão de licenças para novos<br />
locais de culto. Algumas autoridades locais, partidos<br />
políticos e associações de moradores continuaram<br />
manifestando sua oposição à abertura de salas de<br />
oração muçulmanas.<br />
Restrições ao uso de roupas e símbolos religiosos<br />
foram mantidas em algumas escolas e seguiram<br />
afetando de maneira desproporcional as alunas<br />
muçulmanas.<br />
n Em 25 de janeiro, um tribunal de Madri ratificou a<br />
decisão tomada por uma escola estadual de ensino<br />
médio de Pozuelo de Alarcón, em Madri, de excluir<br />
uma aluna das aulas regulares porque ela cobria a<br />
cabeça com um lenço.<br />
n Em 21 de maio, a Diretoria-Geral da Polícia emitiu<br />
uma circular em que proibia o uso de quotas e de<br />
batidas policiais para deter estrangeiros em situação<br />
irregular. No entanto, as medidas não proibiram os<br />
controles de identidade baseados em características<br />
raciais ou étnicas. As ONGs locais continuaram<br />
denunciando que a polícia estava agindo de maneira<br />
seletiva contra pessoas de minorias étnicas na hora de<br />
efetuar os controles.<br />
n Em julho, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos<br />
concluiu que a Espanha não havia investigado<br />
efetivamente denúncias de maus-tratos policiais e<br />
possíveis preconceitos racistas no caso da nigeriana<br />
Beauty Solomon. Ela havia denunciado os policiais que<br />
a teriam espancado e agredido verbalmente em Palma<br />
de Mallorca em julho de 2005.<br />
Violência contra a mulher<br />
Segundo o Ministério da Saúde, Serviços Sociais e<br />
Igualdade, 46 mulheres foram mortas por seus<br />
parceiros ou ex-parceiros em 2012. De acordo com<br />
um estudo realizado pelo governo espanhol,<br />
calculava-se que mais de dois milhões de mulheres<br />
haviam sofrido violência de gênero nas mãos de<br />
parceiros ou ex-parceiros pelo menos uma vez. Sete<br />
anos após a adoção de uma lei de combate à<br />
violência de gênero, as mulheres continuavam sem<br />
ter acesso a reparações jurídicas efetivas. Desde<br />
2005, quando foram criados tribunais especiais para<br />
a violência contra a mulher, não foi feita qualquer<br />
avaliação sobre que dificuldades as mulheres<br />
poderiam enfrentar para receber proteção efetiva<br />
durante procedimentos judiciais.<br />
n Maria (nome fictício) sobreviveu à violência sexual,<br />
psicológica e física exercida contra ela por seu<br />
parceiro, que a deixou sem conseguir andar por seis<br />
meses. Ela continuou recebendo graves ameaças nos<br />
quatro anos que duraram a investigação judicial e, até<br />
mesmo, depois do julgamento. Embora Maria tenha<br />
denunciado a situação às autoridades, ela não recebeu<br />
qualquer proteção e teve que sair de sua casa. Seu exparceiro<br />
foi absolvido. No fim de 2012, ela continuava<br />
recebendo sérias ameaças e vivia escondida.<br />
74 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional