INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
E<br />
EGITO<br />
REPÚBLICA ÁRABE DO EGITO<br />
Chefe de Estado: Mohamed Morsi (sucedeu<br />
Mohamed Hussein Tantawi em junho)<br />
Chefe de governo: Hisham Qandeel (sucedeu<br />
Kamal Ganzouri em agosto)<br />
Protestos contra o regime militar resultaram na morte<br />
de pelo menos 28 manifestantes pelas forças de<br />
segurança no Cairo e em Suez. A polícia de choque e<br />
o exército usaram força excessiva para dispersar<br />
manifestantes, que posteriormente afirmaram terem<br />
sido torturados ou submetidos a maus-tratos sob<br />
custódia. Protestos, às vezes violentos, por parte de<br />
opositores e apoiadores do Presidente, ocorreram em<br />
novembro e dezembro. Prosseguiram os julgamentos<br />
injustos conduzidos por Supremos Tribunais de<br />
Segurança do Estado (de Emergência), e as forças de<br />
segurança continuaram atuando acima da lei. O expresidente<br />
Hosni Mubarak e o ex-ministro do Interior<br />
foram sentenciados à prisão perpétua pela morte de<br />
manifestantes durante a rebelião de 2011; muitos<br />
outros indivíduos suspeitos de responsabilidade<br />
foram absolvidos. Nenhum integrante do Conselho<br />
Supremo das Forças Armadas teve que prestar contas<br />
das violações cometidas durante seu regime. O<br />
presidente Mohamed Morsi criou uma comissão para<br />
investigar as violações cometidas entre janeiro de<br />
2011 e junho de 2012. Ele concedeu indulto para<br />
alguns dos civis julgados por tribunais militares e<br />
uma anistia geral para os delitos cometidos pelos<br />
manifestantes durante os protestos contra o regime<br />
militar. A discriminação contra minorias religiosas<br />
persistiu. Jornalistas e ativistas foram processados<br />
judicialmente por "insultos ao Presidente" e por<br />
blasfêmia. As mulheres sofreram discriminação na lei<br />
e na prática, bem como hostilidades sexuais<br />
generalizadas. Milhares de famílias continuaram a<br />
viver em "áreas inseguras" em assentamentos<br />
informais (favelas), enquanto outras milhares viviam<br />
sob ameaça de remoção forçada. Migrantes teriam<br />
sido mortos pelas forças de segurança quando<br />
tentavam entrar em Israel, ou foram explorados por<br />
traficantes de pessoas na Península do Sinai. Pelo<br />
menos 91 pessoas foram sentenciadas à pena de<br />
morte. Não se sabe se houve alguma execução.<br />
Informações gerais<br />
Um parlamento recém-eleito reuniu-se pela primeira<br />
vez em 23 de janeiro. Em março, a legislatura<br />
designou uma Assembleia Constituinte formada por<br />
100 parlamentares para elaborar uma nova<br />
Constituição para o Egito. A Assembleia Constituinte<br />
foi dominada por partidos islâmicos e criticada por<br />
incluir somente seis mulheres e seis cristãos coptas.<br />
No dia 10 de abril, após uma contestação judicial, a<br />
Assembleia foi suspensa por um tribunal<br />
administrativo. Em maio, com o fim do estado de<br />
emergência que vigorou por 31 anos, as autoridades<br />
tentaram preservar alguns poderes especiais. No dia<br />
13 de junho, o Ministério da Justiça conferiu poderes<br />
de prisão a militares e agentes dos serviços de<br />
inteligência; porém, um tribunal administrativo<br />
rapidamente anulou a manobra. Em junho, o<br />
Parlamento aprovou uma nova Assembleia<br />
Constituinte, que foi contestada por novas ações<br />
judiciais e enfrentou crescente boicote dos partidos<br />
políticos de oposição, da sociedade civil e da Igreja<br />
Ortodoxa Copta. Em 16 de junho, o Conselho<br />
Supremo das Forças Armadas dissolveu o Parlamento<br />
depois que o Supremo Tribunal Constitucional decidiu<br />
que as eleições haviam sido inconstitucionais. Em 17<br />
de junho, poucos dias antes de sair o resultado das<br />
eleições presidenciais, o Conselho Supremo das<br />
Forças Armadas ampliou expressivamente seus<br />
próprios poderes e limitou os do futuro governo. Em<br />
12 de agosto, o recém-eleito Presidente Morsi<br />
anunciou que ele havia revogado os novos poderes<br />
do Conselho Supremo e que o líder do conselho,<br />
Mohamed Tantawi, iria afastar-se. O anúncio foi feito<br />
logo depois de um grupo armado efetuar um atentado<br />
na Península do Sinai, matando 16 soldados. Em<br />
seguida, as autoridades lançaram uma ação de<br />
segurança repressora na área.<br />
Em 22 de novembro, o Presidente Morsi decretou<br />
que os tribunais não poderiam mais contestar suas<br />
decisões, nem julgar quaisquer ações judiciais contra<br />
a Assembleia Constituinte. O Presidente também<br />
promulgou uma nova lei repressiva para "proteger a<br />
Revolução", substituiu o procurador-geral e exigiu<br />
novas investigações e ações penais nos casos de<br />
morte de manifestantes. Em 30 de novembro, a<br />
Assembleia Constituinte finalizou o projeto da<br />
Constituição.<br />
Tanto o decreto quanto o projeto da Constituição<br />
provocaram protestos por todo o país e uma greve<br />
68 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional