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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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arbitrárias, espancamentos e execuções<br />

extrajudiciais. As liberdades de reunião, de<br />

expressão e de imprensa foram severamente<br />

limitadas. Assassinatos de personalidades políticas e<br />

da área de segurança, cometidos desde 2009,<br />

permaneceram impunes.<br />

Informações gerais<br />

Em janeiro, o presidente Malam Bacai Sanhá faleceu<br />

após uma longa convalescença. As eleições<br />

presidenciais realizadas em março foram vencidas<br />

pelo ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Uma<br />

vez que ele não atingiu a maioria absoluta dos votos,<br />

um segundo turno foi marcado para o fim de abril.<br />

Dez dias antes do segundo turno, os militares deram<br />

um golpe de Estado, tomaram controle da capital,<br />

Bissau, e prenderam o ex-primeiro-ministro e o<br />

presidente interino. Duas semanas depois, os dois<br />

foram libertados da custódia militar e mandados para<br />

o exílio.<br />

Medidas repressoras foram impostas para sufocar<br />

as críticas ao autoproclamado Comando Militar que<br />

assumiu o controle. Todas as manifestações foram<br />

proibidas, e os soldados usaram a força para<br />

dispersar manifestações espontâneas pacíficas. Os<br />

militares alegaram que suas ações deviam-se à<br />

presença de tropas angolanas no país, de acordo<br />

com um acordo bilateral de assistência ao<br />

treinamento e à reforma do setor de segurança. No<br />

começo de maio, o Comando Militar e seus aliados<br />

civis chegaram a um acordo com a CEDEAO para um<br />

plano de transição de um ano e para o envio de<br />

tropas da CEDEAO para Bissau. Duas semanas<br />

depois, um presidente e um governo interinos foram<br />

nomeados; porém, não foram reconhecidos pela<br />

comunidade internacional.<br />

Em outubro, as autoridades alegaram que um<br />

grupo de soldados e de civis havia lançado um<br />

ataque contra uma base militar nos arredores de<br />

Bissau, e que seis dos responsáveis haviam sido<br />

mortos. As autoridades acusaram o ex-primeiroministro<br />

de envolvimento no episódio. Na perseguição<br />

aos supostos autores do atentado, os militares<br />

cometeram graves violações dos direitos humanos.<br />

Liberdade de expressão – jornalistas<br />

Estações de rádio privadas foram fechadas quando<br />

aconteceu o golpe militar e ficaram dois dias fora do ar.<br />

Elas tiveram permissão para voltar a transmitir sob<br />

Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />

rigorosa censura. Pelo menos uma rádio decidiu<br />

permanecer fechada. Jornalistas também foram<br />

impedidos de realizar seu trabalho, tendo sido<br />

hostilizados e presos. O correspondente da Radio<br />

Televisão Portuguesa (RTP), uma emissora pública, foi<br />

expulso do país em outubro por causa de suas<br />

reportagens críticas ao governo e às autoridades<br />

militares.<br />

Homicídios ilegais e execuções<br />

extrajudiciais<br />

Surgiram informações indicando que seis pessoas<br />

supostamente mortas durante o ataque à base militar<br />

em outubro, quatro civis e dois militares, haviam sido<br />

executadas extrajudicialmente. Soldados também<br />

teriam executado extrajudicialmente cinco pessoas na<br />

ilha de Bolama, no Arquipélago dos Bijagós, as quais<br />

eles acusaram de serem cúmplices de Pansau<br />

Ntchama, o suposto líder do atentado de outubro.<br />

Outras pessoas foram executadas de modo ilegítimo<br />

devido a suas ligações com personalidades<br />

governamentais depostas.<br />

Luis Ocante da Silva, amigo próximo do ex-chefe<br />

do Estado Maior das Forças Armadas, José Zamora<br />

Induta, morreu em consequência do espancamento<br />

sofrido por parte de soldados. No dia 6 de novembro,<br />

ele foi levado de sua casa por um grupo de soldados,<br />

espancado e conduzido a um local desconhecido.<br />

Dois dias depois, os soldados entregaram seu corpo<br />

no necrotério do hospital central. Sua família só teve<br />

permissão de ver o seu rosto, sem poder levar o corpo<br />

para sepultamento.<br />

Nenhuma investigação foi realizada sobre essas<br />

mortes, nem sobre outras violações dos direitos<br />

humanos cometidas pelos militares. Os assassinatos<br />

políticos cometidos desde 2009 também<br />

permaneceram impunes.<br />

Tortura e outros maus-tratos<br />

Após o golpe de abril, soldados que buscavam as<br />

autoridades governamentais depostas espancaram<br />

seus familiares, amigos e empregados, além de<br />

vandalizar suas casas. A maioria dos ministros teve de<br />

esconder-se e permanecer escondida por vários<br />

meses; alguns fugiram do país. Integrantes de<br />

organizações da sociedade civil também foram alvo de<br />

perseguição. Alguns deles, inclusive vários membros<br />

da Liga Guineense dos Direitos Humanos, receberam<br />

ameaças de morte e refugiaram-se em embaixadas.<br />

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