INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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E<br />
ainda não estava concluída no fim do ano, foi<br />
realizada depois de uma série de tiroteios fatais<br />
envolvendo agentes da Patrulha de Fronteiras na<br />
divisa dos EUA com o México.<br />
n Em outubro, José Antonio Elena Rodríguez, de 16<br />
anos, foi morto a tiros. As autoridades estadunidenses<br />
disseram que um agente da Patrulha de Fronteiras, em<br />
Nogales, estado do Arizona, abriu fogo quando duas<br />
pessoas suspeitas de contrabando de drogas cruzaram<br />
a divisa e começaram a atirar pedras. No fim do ano, o<br />
caso estava sendo investigado pelo FBI (Departamento<br />
Federal de Investigação) e por agentes mexicanos.<br />
n Em abril, o Departamento de Justiça dos EUA<br />
anunciou que nenhuma ação judicial federal penal ou<br />
civil seria instaurada com relação à morte de Sergio<br />
Hernández Guereca, um adolescente de 15 anos<br />
morto com um tiro na cabeça disparado por um agente<br />
da Patrulha de Fronteiras em 2010.<br />
Condições prisionais<br />
O índice de encarceramento continuou sendo o mais<br />
alto da história.<br />
Por todo o país, milhares de presos permaneceram<br />
isolados em penitenciárias de "segurança<br />
supermáxima". Eles eram confinados nas celas entre<br />
22 e 24 horas diárias, sem acesso adequado à luz<br />
natural, exercícios ou programas de reabilitação. As<br />
condições nessas unidades violavam as normas<br />
internacionais e, em alguns casos, constituíam<br />
tratamento cruel, desumano ou degradante.<br />
Em outubro, cinco homens foram extraditados do<br />
Reino Unido para os EUA a fim de serem julgados por<br />
acusações relacionadas ao terrorismo depois que o<br />
Tribunal Europeu de Direitos Humanos rejeitou sua<br />
alegação de que enfrentariam um risco real de sofrer<br />
tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou<br />
degradantes caso fossem encarcerados na<br />
penitenciária de "segurança supermáxima" ADX, em<br />
Florence, no estado do Colorado. As autoridades<br />
estadunidenses negaram um pedido da Anistia<br />
Internacional para visitar a penitenciária ADX.<br />
Direitos das crianças<br />
Em junho, no caso Miller v. Alabama, a Suprema<br />
Corte dos EUA proibiu a prisão perpétua compulsória<br />
sem possibilidade de liberdade condicional para<br />
infratores que tinham menos de 18 anos quando<br />
cometeram o crime. A decisão foi proferida dois anos<br />
depois de a Corte ter proibido a prisão perpétua sem<br />
condicional para crimes não homicidas cometidos por<br />
menores de 18 anos.<br />
Em julho, Terry Bransted, governador do estado de<br />
Iowa, respondeu à decisão do caso Miller v. Alabama<br />
comutando 38 penas de prisão perpétua sem<br />
condicional, que estavam sendo cumpridas em Iowa<br />
por internos condenados por homicídio doloso<br />
cometido quando tinham menos de 18 anos, para<br />
pena de prisão perpétua sem possibilidade de<br />
condicional por 60 anos. Quaisquer evidências<br />
mitigantes que não foram levadas em consideração<br />
no momento do julgamento devido à imposição<br />
automática da prisão perpétua sem condicional foram<br />
descartadas na comutação coletiva do governador.<br />
Direitos dos migrantes<br />
Em junho, a Suprema Corte eliminou partes<br />
significativas de uma lei de imigração do estado do<br />
Arizona, como uma cláusula que tornava crime<br />
estadual o fato de um migrante irregular ter um<br />
emprego. Entretanto, a Corte manteve um artigo<br />
requerendo que agentes da lei estaduais verificassem a<br />
condição imigratória de pessoas que eles suspeitassem<br />
estar ilegalmente no país, mesmo diante das críticas de<br />
grupos de direitos humanos de que tal disposição<br />
incentivaria a "filtragem racial", ou seja, faria que<br />
alguns indivíduos fossem visados simplesmente por<br />
sua aparência ou por sua origem étnica ou racial. Após<br />
a decisão da Suprema Corte, tribunais federais<br />
mantiveram legislações semelhantes nos estados do<br />
Alabama e da Geórgia.<br />
A proliferação de leis estaduais que visam os<br />
migrantes aumenta o risco de que eles sofram<br />
discriminação, além de impedir seu acesso à educação<br />
e a serviços de saúde essenciais.<br />
O reforço do combate à imigração irregular em<br />
certos trechos na fronteira dos EUA com o México<br />
continuou forçando os migrantes a utilizarem rotas<br />
bastante perigosas através do deserto estadunidense,<br />
ocasionando centenas de mortes. A colaboração mais<br />
estreita entre agentes policiais locais e agentes da<br />
imigração fez que as comunidades que vivem ao longo<br />
da fronteira EUA−México corressem maiores riscos de<br />
sofrer filtragem racial de agentes da lei locais e<br />
estaduais. Migrantes irregulares que foram vítimas de<br />
crimes, tais como tráfico de pessoas e violência<br />
doméstica, enfrentaram uma série de obstáculos para<br />
acessar a Justiça.<br />
78 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional