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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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C<br />

Sistema de justiça<br />

O Estado continuou a usar o sistema de justiça<br />

criminal para punir seus críticos. Centenas de<br />

indivíduos e grupos foram sentenciados a longas<br />

penas de prisão ou foram mandados para campos de<br />

reeducação pelo trabalho por exercerem<br />

pacificamente seu direito à liberdade de expressão e<br />

de crença. Pessoas foram frequentemente acusadas<br />

de "pôr em risco a segurança do Estado", de "incitar a<br />

subversão do poder do Estado" e de "vazar segredos<br />

de Estado", sendo sentenciadas a longas penas de<br />

prisão, em muitos casos, por causa das postagens<br />

que fizeram em blogs ou por compartilharem com<br />

pessoas de fora do país informações consideradas<br />

sensíveis.<br />

Advogados que assumiram casos controversos<br />

enfrentaram hostilidades e ameaças das autoridades<br />

e, em alguns casos, a perda de suas licenças<br />

profissionais, o que limitou severamente o acesso da<br />

população à Justiça.<br />

Réus em ações penais tiveram seu direito a um<br />

julgamento justo e outros direitos rotineiramente<br />

violados, com a negação de seu acesso a advogados<br />

e familiares, detenção por períodos mais longos do<br />

que legalmente permitido, tortura e outros maustratos<br />

em detenção. A tortura continuou sendo<br />

utilizada de modo generalizado para extrair<br />

confissões.<br />

As revisões do Código de Processo Penal, adotadas<br />

em março para vigorarem a partir de 1º de janeiro de<br />

<strong>2013</strong>, reforçaram as proteções para réus e suspeitos<br />

menores de idade, bem como para pessoas com<br />

deficiências mentais. Porém, pela primeira vez, as<br />

revisões autorizaram a polícia a deter suspeitos por<br />

até seis meses em certos tipos de crime, tais como<br />

"pôr em risco a segurança do Estado", sem que a<br />

família do suspeito seja notificada de seu paradeiro<br />

ou dos motivos da detenção. Tais revisões, portanto,<br />

podem ter legalizado os desaparecimentos forçados.<br />

Prisões e detenções arbitrárias<br />

De modo arbitrário, a polícia privou de liberdade<br />

centenas de milhares de pessoas ao colocá-las sob<br />

detenção administrativa, inclusive em campos de<br />

reeducação pelo trabalho, sem que elas pudessem<br />

recorrer a tribunais independentes.<br />

As autoridades mantiveram em funcionamento<br />

centenas de locais de detenção, como "cadeias<br />

negras" e Centros de Treinamento para Educação<br />

Legal, onde milhares de pessoas eram mantidas<br />

arbitrariamente e onde a tortura, às vezes até a morte,<br />

era um método estabelecido de "correção" e<br />

dissuasão.<br />

n Chen Guangcheng, ativista deficiente visual da<br />

cidade de Shandong, bem como seus familiares, foram<br />

torturados e mantidos ilegalmente em prisão domiciliar<br />

por um ano e meio antes de conseguirem fugir e<br />

buscar refúgio na embaixada dos Estados Unidos em<br />

abril de 2012. Após um impasse diplomático, em maio<br />

eles obtiveram permissão para viajar aos EUA.<br />

n Hu Jia, ativista ambiental e de direitos humanos,<br />

permaneceu em prisão domiciliar monitorada desde<br />

que foi libertado em junho de 2011. Em novembro de<br />

2012, antes do Congresso do Partido Comunista, ele foi<br />

obrigado pela polícia de segurança interna a deixar sua<br />

residência em Pequim, tendo sido mantido em um<br />

hotel até o dia 16 de novembro.<br />

Defensoras e defensores dos direitos<br />

humanos<br />

A tensão entre o governo e a sociedade civil<br />

permaneceu alta. Acadêmicos e ativistas publicaram<br />

várias cartas abertas ao governo e aos futuros líderes<br />

pedindo a extinção dos campos de reeducação pelo<br />

trabalho e de outros sistemas de detenção arbitrários,<br />

tais como as "cadeias negras" e as detenções<br />

psiquiátricas.<br />

As autoridades destinaram 701 bilhões de yuans<br />

(cerca de 112 bilhões de dólares) do orçamento para<br />

manutenção da segurança pública, um aumento de<br />

quase 30 bilhões com relação a 2011. Governos<br />

provinciais requereram que autoridades subordinadas<br />

locais "intensificassem os trabalhos comunitários" no<br />

período que antecedeu a transição do Partido<br />

Comunista chinês. As ações incluíam coletar<br />

informação dos monitores comunitários, geralmente<br />

advertindo os dissidentes e suas famílias, e<br />

encarcerar os críticos do governo ou colocá-los em<br />

prisão domiciliar, sempre com o propósito de silenciar<br />

as opiniões divergentes.<br />

No fim de 2011 e começo de 2012, vários<br />

defensores dos direitos humanos que<br />

constantemente pediam reformas políticas foram<br />

sentenciados a longas penas de prisão por "incitar a<br />

subversão do poder do Estado" em artigos e poemas<br />

que eles escreviam e distribuíam. Tais sentenças<br />

foram de 10 anos para o líder do fórum de direitos<br />

humanos de Guizhou, Chen Xi, e para o ativista Li Tie;<br />

58 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional

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