INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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O comércio de armas<br />
também está<br />
diretamente ligado à<br />
discriminação e à<br />
violência baseada em<br />
gênero, que afetam<br />
desproporcionalmente<br />
as mulheres. O<br />
descontrole na<br />
circulação de armas<br />
tem fortes implicações<br />
para os esforços de<br />
consolidação da paz, da<br />
segurança, da igualdade<br />
de gênero e do<br />
crescimento econômico.<br />
20<br />
equivalente ao dos maiores conglomerados urbanos do planeta, como Londres, Lagos ou<br />
Rio de Janeiro. Aproximadamente 80 por cento dos apátridas são mulheres. Sem a<br />
proteção de seu Estado 'soberano', essas pessoas são os verdadeiros cidadãos do<br />
mundo. Sua proteção, portanto, cabe a todos nós. Sua existência é o melhor<br />
argumento para que se cumpra o dever de proteger, pois as proteções dos<br />
direitos humanos devem se aplicar a todos os seres humanos, estejam eles<br />
em sua terra natal ou não.<br />
Considera-se atualmente que essa proteção esteja subordinada à soberania<br />
do Estado. Enquanto isso, mulheres são estupradas nos campos para<br />
desabrigados por todo o Sudão do Sul. Requerentes de asilo, da Austrália ao<br />
Quênia, são trancafiados em centros de detenção ou em contêineres de<br />
metal, e centenas morrem em embarcações furadas tentando chegar a um<br />
porto seguro.<br />
Em 2012, os barcos carregados de africanos que chegaram em apuros à<br />
costa italiana foram novamente repelidos da segurança do litoral europeu,<br />
pois os Estados reivindicam o caráter sagrado do controle de suas fronteiras.<br />
O governo australiano continuou a interceptar os barcos de refugiados e<br />
imigrantes ainda em alto-mar. A Guarda Costeira dos Estados Unidos<br />
defendeu essa prática: "Interceptar os migrantes em alto-mar permite que<br />
eles possam ser rapidamente devolvidos aos seus países de origem sem o custoso<br />
processo que seria necessário caso conseguissem chegar aos Estados Unidos". Em<br />
todos os casos, a soberania suplantou os direitos de quem busca asilo.<br />
Cerca de 200 pessoas morrem todos os anos tentando atravessar o deserto para chegar<br />
aos EUA – consequência direta das medidas tomadas pelo governo estadunidense para<br />
impedir que os migrantes consigam passar por locais seguros. Esses números<br />
mantiveram-se inalterados mesmo com a diminuição da imigração.<br />
Esses exemplos são uma mostra da mais indigna omissão da responsabilidade de<br />
promover os direitos humanos – inclusive o direito à vida – e contrastam de modo<br />
flagrante com a liberdade de fluxo dos capitais que mencionamos antes.<br />
Tais controles de imigração também contrastam cruamente com a quase livre circulação<br />
de armas convencionais – como armas leves e de pequeno porte – através de fronteiras.<br />
Centenas de milhares de pessoas foram mortas, feridas, estupradas ou forçadas a fugir de<br />
suas casas em consequência desse comércio. O comércio de armas também está<br />
Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional