INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO
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E<br />
Uso excessivo da força<br />
No início de 2012, a maioria dos protestos era contra<br />
o regime militar. Após a eleição do Presidente Morsi,<br />
as manifestações passaram a ser realizadas por<br />
apoiadores ou por adversários do Presidente. As<br />
forças de segurança estiveram ausentes na maior<br />
parte do tempo, principalmente durante os maiores<br />
protestos na Praça Tahrir; no entanto, ocorreram<br />
alguns casos de embate com manifestantes. Não<br />
houve qualquer inciativa de reforma da polícia, e as<br />
autoridades empregaram táticas reminiscentes da era<br />
Mubarak, com as forças de segurança usando força<br />
excessiva contra manifestantes. A polícia de choque<br />
empregou força excessiva e desnecessária, inclusive<br />
com armas de fogo e gás lacrimogênio fabricado nos<br />
EUA.<br />
n As forças de segurança usaram força letal sem aviso<br />
prévio para dispersar os manifestantes, matando 16<br />
participantes entre os dias 2 e 6 de fevereiro, no Cairo e<br />
em Suez. Os protestos foram uma reação à morte de<br />
aproximadamente 70 torcedores do time de futebol Al<br />
Ahly, por homens à paisana durante uma partida<br />
disputada na cidade de Porto Said, situação<br />
testemunhada pelas forças de segurança, que não<br />
impediram a violência.<br />
n Entre 28 de abril e 4 de maio, pelo menos 12<br />
pessoas foram mortas por homens vestidos à paisana<br />
durante um protesto sentado, realizado na Praça<br />
Abbaseya, no Cairo, contra o processo de eleição<br />
presidencial. As forças de segurança não intervieram,<br />
indicando que os homens estavam agindo a mando do<br />
exército ou com seu consentimento.<br />
n No dia 20 de novembro, o manifestante adolescente<br />
Gaber Salah Gaber teria sido morto a tiros pelas forças<br />
de segurança próximo ao Ministério do Interior, no<br />
Cairo.<br />
Impunidade<br />
Em junho, um passo histórico foi dado no combate à<br />
impunidade, quando o ex-presidente Mubarak e o exministro<br />
do Interior Habib El Adly foram considerados<br />
responsáveis pelas mortes e ferimentos de<br />
manifestantes durante a rebelião de 2011, sendo<br />
sentenciados à prisão perpétua. Porém, seis<br />
autoridades do alto escalão de segurança foram<br />
absolvidas. A promotoria argumentou que a falta de<br />
provas contra elas devia-se à falta de cooperação por<br />
parte da Inteligência Geral e do Ministério do Interior.<br />
A maioria dos policiais processados pelas mortes<br />
de manifestantes durante a rebelião de 2011 foi<br />
absolvida. Os tribunais quase sempre decidiram que<br />
a polícia usou força letal justificada ou que as provas<br />
eram insuficientes. Para as centenas de vítimas da<br />
insurreição e para suas famílias, a verdade e a justiça<br />
continuaram distantes.<br />
Em outubro, todos os réus no julgamento da<br />
"Batalha dos Camelos", referente aos combates entre<br />
manifestantes favoráveis e contrários a Mubarak, na<br />
Praça Tahrir, em fevereiro de 2011, foram absolvidos.<br />
Posteriormente, integrantes da promotoria sugeriram<br />
que o caso poderia ser reaberto.<br />
Nenhum militar foi levado à Justiça para responder<br />
pelos homicídios ou pelas torturas praticadas nos<br />
protestos da Rua Mohamed Mahmoud e dos<br />
Ministérios, em novembro e dezembro de 2011.<br />
Juízes de instrução, ao invés disso, determinaram<br />
que os manifestantes é que deveriam ser julgados por<br />
suposta violência. Embora os acusados nos protestos<br />
da Rua Mohamed Mahmoud tenham sido anistiados,<br />
o julgamento dos Ministérios prosseguiu. Somente um<br />
policial da tropa de choque foi processado por abusos<br />
cometidos durante os protestos da Rua Mohamed<br />
Mahmoud. Seu julgamento ainda não fora concluído<br />
no fim do ano.<br />
Em setembro, um tribunal militar sentenciou dois<br />
soldados do exército a dois anos de prisão para cada<br />
um, e um terceiro soldado a três anos de prisão por<br />
"homicídio involuntário". Em outubro de 2011, na<br />
área de Maspero, no Cairo, eles atropelaram 14<br />
manifestantes cristãos coptas com seus veículos<br />
militares blindados. Investigações conduzidas por<br />
juízes civis sobre a morte de outras 13 pessoas não<br />
identificaram os responsáveis. Nenhum integrante do<br />
Conselho Supremo das Forças Armadas foi levado à<br />
Justiça para responder pela morte de manifestantes<br />
durante os 17 meses de seu regime.<br />
Em julho, o Presidente Morsi criou um comitê de<br />
inquérito composto por autoridades, ativistas sociais e<br />
familiares de vítimas para identificar os responsáveis<br />
pelas mortes e ferimentos de manifestantes durante a<br />
rebelião de 2011 e o regime do Conselho Supremo<br />
das Forças Armadas.<br />
Nenhuma medida foi tomada para proporcionar<br />
justiça, verdade e reparação às vítimas de graves<br />
violações dos direitos humanos, tais como torturas,<br />
cometidas durante os 30 anos de governo Mubarak.<br />
70 Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional