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INFORME 2013 - ANISTIA INTERNACIONAL O ESTADO DOS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO

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justiça, reparação e reforma. O comitê preparou um<br />

anteprojeto de lei propondo a criação de um órgão<br />

independente, o Conselho da Verdade e da<br />

Dignidade, para supervisionar o processo de justiça<br />

transicional, o qual foi apresentado em outubro ao<br />

Presidente e à ANC.<br />

Após sua visita em novembro, o relator especial da<br />

ONU sobre a promoção da verdade, da justiça, da<br />

reparação e das garantias de não repetição<br />

manifestou preocupação com o fato de o processo de<br />

justiça transicional da Tunísia não ser abrangente<br />

nem conferir a mesma importância a cada um dos<br />

quatro elementos da justiça transicional.<br />

A Comissão Nacional de Investigação sobre os<br />

Abusos Cometidos desde 17 de Dezembro de 2010<br />

até o Fim de Seu Mandato (conhecida como<br />

Comissão Bouderbala) apresentou seu relatório em<br />

maio. O documento descrevia os eventos<br />

transcorridos durante os levantes que derrubaram o<br />

governo do ex-presidente Ben Ali e relacionava os<br />

nomes dos mortos e feridos. Porém, não identificava<br />

os indivíduos responsáveis pelo uso de força letal e<br />

pelas violações de direitos humanos.<br />

As autoridades ofereceram indenizações e<br />

cuidados médicos às pessoas feridas durante os<br />

levantes e às famílias das vítimas fatais, mas foram<br />

criticadas por não levarem em conta a gravidade dos<br />

ferimentos causados e outros fatores, como a perda<br />

de oportunidades de estudo e de trabalho. As famílias<br />

de algumas das vítimas fatais recusaram-se a aceitar<br />

as indenizações por considerarem que não havia sido<br />

feita justiça.<br />

Várias autoridades do alto escalão do governo do<br />

ex-presidente Ben Ali foram sentenciadas a longas<br />

penas de prisão pelas mortes de manifestantes<br />

durante os levantes de dezembro de 2010 e janeiro<br />

de 2011. Outros funcionários de médio e baixo<br />

escalão foram condenados em caráter individual por<br />

terem atirado nos manifestantes, e foram para a<br />

cadeia.<br />

n Em junho, um tribunal militar de Kef condenou o exministro<br />

do Interior, Rafiq Haj Kacem, a 12 anos de<br />

prisão por cumplicidade nos assassinatos de<br />

manifestantes cometidos em Kasserine, Thala,<br />

Kairouan and Tajerouin. Outros quatro funcionários<br />

graduados do Departamento de Segurança do Estado<br />

foram condenados a penas de até 10 anos de prisão, e<br />

seis funcionários de nível médio receberam penas de<br />

prisão por homicídio.<br />

Informe <strong>2013</strong> - Anistia Internacional<br />

n Em julho, o Tribunal Militar de Túnis condenou in<br />

absentia o ex-presidente Ben Ali à pena de prisão<br />

perpétua pelas mortes e ferimentos de manifestantes<br />

ocorridos na área metropolitana de Túnis. Trinta e nove<br />

ex-integrantes de suas forças de segurança, os quais<br />

compareceram ao tribunal, foram condenados a penas<br />

de até 20 anos de prisão.<br />

Ambos os casos foram remetidos a um tribunal<br />

militar de recursos e continuavam pendentes no fim<br />

do ano.<br />

O processo de levar ex-funcionários à Justiça pelos<br />

crimes cometidos durante os levantes foi questionável<br />

em diversos aspectos, sobretudo pelo fato de os<br />

julgamentos transcorrerem em tribunais militares em<br />

vez de civis. Além disso, as vítimas, seus familiares e<br />

seus advogados criticaram o que consideraram<br />

omissão da promotoria em conduzir investigações<br />

exaustivas, tendo afirmado que sofreram intimidações<br />

por parte das pessoas investigadas ou acusadas,<br />

algumas das quais continuavam em posição de<br />

autoridade.<br />

Tortura e outros maus-tratos<br />

Houve denúncias de torturas e outros maus-tratos por<br />

parte da polícia. Em agosto, o Ministério de Direitos<br />

Humanos e Justiça Transicional informou que, após<br />

uma consulta pública, planejava criar uma nova<br />

instituição nacional independente para combater a<br />

tortura. O órgão proposto teria poderes de fazer visitas<br />

a locais de detenção e de contribuir com a<br />

elaboração de novas leis. Além disso, apresentaria<br />

relatórios anuais e funcionaria de acordo com as<br />

normas internacionais.<br />

n Abderraouf Khemmassi morreu em custódia da<br />

polícia em Túnis, no dia 8 de setembro, 11 dias depois<br />

de preso por suposto roubo. A autópsia atribuiu sua<br />

morte a uma batida na cabeça, além de registrar outras<br />

lesões. Posteriormente, quatro policiais foram presos e<br />

acusados de provocar sua morte.<br />

Liberdade de expressão<br />

Apesar de terem assumido o compromisso de<br />

respeitar a liberdade de expressão, as autoridades<br />

moveram ações judiciais contra jornalistas, artistas,<br />

blogueiros e pessoas que as criticavam, recorrendo<br />

aos artigos 121.3 e 226 do Código Penal, que<br />

criminalizavam manifestações consideradas ameaça<br />

à ordem pública, à moral pública ou aos valores<br />

sagrados. Em outubro, porém, as autoridades<br />

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