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134<<strong>br</strong> />
Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
No entanto, é durante esse período que, muitas vezes, se<<strong>br</strong> />
produzirão as nossas angústias, os nossos desejos mais fortes. Esses<<strong>br</strong> />
elementos recalcados vão constituir o nosso inconsciente arcaico,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>um a todos os seres humanos.<<strong>br</strong> />
Existe aí toda uma parte da nossa atividade mental que, portanto,<<strong>br</strong> />
escapa ao homem na sua tentativa de se reapossar dela, de<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>unicá-la e de <strong>com</strong>partilhá-la <strong>com</strong> outrem através das palavras.<<strong>br</strong> />
Estamos num campo que é da ordem do indizível.<<strong>br</strong> />
É aí que o trabalho do corpo, a relação <strong>com</strong> os objetos, a dança,<<strong>br</strong> />
podem condensar uma pluralidade de sentidos, tornando-se o intérprete<<strong>br</strong> />
desse indizível, e, con<strong>com</strong>itantemente, levando o espectador<<strong>br</strong> />
a tornar-se ativo. Cada um deles se desloca no seu percurso pessoal,<<strong>br</strong> />
apropriando-se de alguns desses sentidos, viajando através de enigmas<<strong>br</strong> />
que o remetem aos seus próprios espelhos e interpretações.<<strong>br</strong> />
Nesse universo, assiste-se ao confronto físico dos atores e dos<<strong>br</strong> />
dançarinos <strong>com</strong> os materiais, <strong>com</strong> os objetos e <strong>com</strong> as marionetes,<<strong>br</strong> />
metáforas dos conflitos psicológicos sem possuir a sua farta linguagem<<strong>br</strong> />
“psi”, freqüentemente hermética ou rebarbativa. É um teatro<<strong>br</strong> />
feito para ser visto e percebido <strong>com</strong> os sentidos, ao mesmo tempo<<strong>br</strong> />
em que permanece um divertimento.<<strong>br</strong> />
Um teatro em que a magia e a ilusão estão presentes para fissurar<<strong>br</strong> />
o racional e se insinuar no universo do subconsciente. Desdo<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />
tesouros de invenção e de energias para fazer os atores surgirem da<<strong>br</strong> />
cena ou para fazer <strong>com</strong> que desapareçam, para metamorfoseá-los,<<strong>br</strong> />
escondê-los, substituí-los, ali, diante dos olhos dos espectadores,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o se o que vissem surgisse do próprio imaginário deles. Para<<strong>br</strong> />
mim, o palco do teatro é o lugar do nosso inconsciente.<<strong>br</strong> />
Não há entradas ou saídas dos bastidores, em nossos espetáculos.<<strong>br</strong> />
Sempre tive a fobia das entradas laterais. Talvez isso venha<<strong>br</strong> />
dos meus sonhos, em que as personagens nunca entram nem saem<<strong>br</strong> />
pelo lado <strong>com</strong>o no cinema ou no teatro: elas estão lá, aparecem e<<strong>br</strong> />
desaparecem na imagem.<<strong>br</strong> />
As entradas laterais me levam ao exterior, enquanto busco<<strong>br</strong> />
manter o clima de uma viagem entre quatro paredes.