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captado. A o<strong>br</strong>a da vida de um cineasta de animação pode ser<<strong>br</strong> />
definida <strong>com</strong>o “tempo condensado”, resumindo-se a, no máximo,<<strong>br</strong> />
algumas horas de projeção.<<strong>br</strong> />
Todo o processo da animação costuma empregar uma grande<<strong>br</strong> />
quantidade de cálculos e ponderações prévias, e a própria lentidão e<<strong>br</strong> />
meticulosidade do processo faz <strong>com</strong> que seja muito difícil manter ou<<strong>br</strong> />
alcançar uma fluidez ou espontaneidade no processo. Obviamente,<<strong>br</strong> />
este é sempre um dos objetivos máximos do animador: fazer <strong>com</strong><<strong>br</strong> />
que movimentos intensamente elaborados pareçam ao espectador<<strong>br</strong> />
naturais e convincentes.<<strong>br</strong> />
Mas na verdade pode-se dizer que o impensado, o imprevisto e<<strong>br</strong> />
o espontâneo (inerentes à nossa vida cotidiana) são elementos muito<<strong>br</strong> />
difíceis de se incorporarem ao processo do cinema de animação.<<strong>br</strong> />
Posso aqui tomar <strong>com</strong>o referência um dos grandes animadores<<strong>br</strong> />
do século passado, que se constituiu <strong>com</strong>o mestre e referência para<<strong>br</strong> />
muitos artistas, inclusive este que aqui escreve: Norman McLaren,<<strong>br</strong> />
cineasta de origem escocesa, radicado no Canadá, <strong>com</strong> quem tive o<<strong>br</strong> />
prazer de conviver quando realizei meu curta-metragem Animando<<strong>br</strong> />
(1982) nos estúdios do National Film Board of Canada, em Montreal.<<strong>br</strong> />
Justamente nesta época em que fazia um estágio <strong>com</strong>o realizador<<strong>br</strong> />
naquela prestigiada instituição, aproveitei para refletir so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />
os processos da animação, ilustrando em meu filme nove técnicas<<strong>br</strong> />
e processos diferentes do cinema de animação artesanal.<<strong>br</strong> />
McLaren ajudou bastante em minha pesquisa, e através de nossas<<strong>br</strong> />
conversas pude conhecer um pouco mais da verdadeira natureza<<strong>br</strong> />
de nossa arte. Ele é considerado até hoje o pesquisador e inventor<<strong>br</strong> />
mais produtivo e expressivo da história do cinema de animação.<<strong>br</strong> />
Alguns efeitos presentes em seus filmes possuem tal perfeição<<strong>br</strong> />
e precisão que um espectador inadvertido pode acreditar terem<<strong>br</strong> />
sido feitos <strong>com</strong> a ajuda do <strong>com</strong>putador (embora ele nunca tenha<<strong>br</strong> />
chegado a conviver <strong>com</strong> ferramentas digitais). Mas a despeito da<<strong>br</strong> />
perfeição mecânica de movimentos criados <strong>com</strong> muita racionalidade,<<strong>br</strong> />
McLaren atinge invariavelmente o contato <strong>com</strong> a nossa<<strong>br</strong> />
emoção, mesmo em seus trabalhos mais abstratos.<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
95<<strong>br</strong> />
Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas