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Berlim, importa aqui não só pelo que antecipa da cinematografia<<strong>br</strong> />
surrealista e pelo que confirma a técnica cinematográfica <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
recurso indispensável à materialização de uma nova visualidade<<strong>br</strong> />
espetacular, <strong>com</strong>o pelo que expressa à fusão de teatro cinema, artes<<strong>br</strong> />
plásticas e música num único e indistinto evento cênico.<<strong>br</strong> />
Mas o que tudo isto tem a ver <strong>com</strong> nosso tema? Em primeiro<<strong>br</strong> />
lugar, fica claro <strong>com</strong> o exemplo de Relâche, e <strong>com</strong> a participação<<strong>br</strong> />
essencial ali do filme de René Clair, que as experiências teatrais<<strong>br</strong> />
das vanguardas históricas eram, so<strong>br</strong>etudo, hí<strong>br</strong>idas e multidisciplinares,<<strong>br</strong> />
não havendo mais limites entre as instâncias dramáticas,<<strong>br</strong> />
musicais, pictóricas, plásticas ou cinematográficas. O espetáculo,<<strong>br</strong> />
ou performance, em questão não poderia ser restringido a uma<<strong>br</strong> />
forma rígida. Balé, peça, ópera, exposição ou qualquer outro destes<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>partimentos que se reconstituíram depois deste período de<<strong>br</strong> />
grande efervescência <strong>com</strong>o campos separados, estavam ali mais do<<strong>br</strong> />
que reunidos, fundidos numa única expressão espetacular.<<strong>br</strong> />
E isto nos traz para o presente e para este fenômeno contemporâneo<<strong>br</strong> />
que é a perda de fronteiras, ou as fronteiras borradas <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
gosta de dizer a professora Sílvia Fernandes, entre as diversas artes,<<strong>br</strong> />
que recuperam cada um os procedimentos alheios e os reutilizam<<strong>br</strong> />
e (re) processam incessantemente, fazendo dessa produção de<<strong>br</strong> />
artefatos transgênicos quase que um método, e da intersecção de<<strong>br</strong> />
recursos estranhos entre si um princípio de criação.<<strong>br</strong> />
Qual seria a diferença fundamental dessa nossa realidade contemporânea<<strong>br</strong> />
em relação às manifestações espetaculares dos primeiros<<strong>br</strong> />
vinte anos do século passado? Parece-me que, ao contrário do que<<strong>br</strong> />
acontecia ali, quando havia um processo de esgotamento do projeto<<strong>br</strong> />
estético romântico e iluminista, de desmistificação do gênio e de<<strong>br</strong> />
dessacralização da arte, e onde a fusão de procedimentos se dava<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o uma forma de atacar por inteiro as fundações que tinham<<strong>br</strong> />
sustentado os projetos das belas artes, dos museus, das escolas e<<strong>br</strong> />
dos estilos, na contemporaneidade patinamos em territórios menos<<strong>br</strong> />
férteis. No nosso caso, pensando na arte em geral, aquela rebeldia,<<strong>br</strong> />
aquelas transgressões e aqueles programas verdadeiramente revo-<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
45<<strong>br</strong> />
Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas