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de corpos humanos e partes de máquinas.<<strong>br</strong> />
Em um teatro cujas fronteiras eram claramente definidas, o<<strong>br</strong> />
teatro de bonecos envolvia fundamentalmente a apresentação de<<strong>br</strong> />
bonecos representando personagens ou conceitos tais <strong>com</strong>o deuses,<<strong>br</strong> />
espíritos, etc. A idéia da personagem estava presente na figura do boneco.<<strong>br</strong> />
Já no teatro de bonecos contemporâneo, os corpos são feitos e<<strong>br</strong> />
destruídos no momento da apresentação, instigando a cumplicidade<<strong>br</strong> />
da platéia neste processo criativo. Isto permite várias interpretações:<<strong>br</strong> />
primeiro, a de que há uma consciência <strong>com</strong>partilhada da ficção<<strong>br</strong> />
apresentada e uma cumplicidade na criação da cena; segundo, a<<strong>br</strong> />
de que os corpos dos bonecos, assim <strong>com</strong>o os corpos humanos,<<strong>br</strong> />
podem ser projetados para sugerir qualquer aspecto identitário que<<strong>br</strong> />
a platéia ou o bonequeiro quiserem que eles sugiram em um dado<<strong>br</strong> />
momento no palco; terceiro, que estes corpos são eminentemente<<strong>br</strong> />
transformáveis, destrutíveis e temporários; e quarto, que a <strong>com</strong>preensão<<strong>br</strong> />
e a interpretação das personagens e da cena não é mais<<strong>br</strong> />
atribuível à estética visual e à ação apresentadas pelo boneco, mas<<strong>br</strong> />
a uma <strong>com</strong>preensão mais ampla da relação entre o bonequeiro e<<strong>br</strong> />
o boneco, ao que é feito aos seus corpos e a <strong>com</strong>o eles interagem.<<strong>br</strong> />
Desta forma, <strong>com</strong>o já foi mencionado, o teatro de bonecos tornase<<strong>br</strong> />
uma abordagem à cena, na qual todos os elementos do espaço<<strong>br</strong> />
cênico são animados, inclusive os corpos dos humanos; a cenografia<<strong>br</strong> />
pode se transformar temporariamente em um boneco; as pernas<<strong>br</strong> />
do ator podem ser <strong>com</strong>binadas <strong>com</strong> objetos, <strong>com</strong>o no trabalho de<<strong>br</strong> />
Hugo e Inês, do Peru; partes de bonecas <strong>com</strong>binadas <strong>com</strong> bonecos<<strong>br</strong> />
de madeira bem talhados, <strong>com</strong>o no trabalho dirigido por Luis Boy,<<strong>br</strong> />
no Norwich Puppet Theatre. A idéia dominante aqui é de que não<<strong>br</strong> />
há uma única estética visual, mas os corpos dos bonecos são feitos<<strong>br</strong> />
de elementos díspares e desafiadores.<<strong>br</strong> />
O fato de que estes conceitos de corpo estejam no centro da<<strong>br</strong> />
cena no mundo contemporâneo não é nenhuma surpresa, dados<<strong>br</strong> />
o interesse e a ansiedade gerados em torno do corpo construído<<strong>br</strong> />
na sociedade atual. O corpo humano sempre serviu de tela para a<<strong>br</strong> />
representação de interesses e formações individuais e tribais, no que<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
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Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas