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24<<strong>br</strong> />
Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
se reduzia a onomatopéias ou frases desconexas. Mas também<<strong>br</strong> />
Marinetti, no Manifesto da declamação dinâmica e sinótica, de<<strong>br</strong> />
1912, via no ator da performance uma gesticulação geométrica<<strong>br</strong> />
que criava cubos, cones, espirais ou elipses aéreas. Inclusive<<strong>br</strong> />
a forma humana era objeto de escárnio. Nas tumultuadas e<<strong>br</strong> />
provocatórias noites dadaístas, os trajes mais extravagantes deformavam<<strong>br</strong> />
os corpos dos artistas que, enclausurados em tubos<<strong>br</strong> />
de papelão, faziam danças ou vociferações de onomatopéias ou<<strong>br</strong> />
frases sem sentido, <strong>com</strong>o as declarações dadaístas de Monsieur<<strong>br</strong> />
Antipyrine. “Com nossas danças de máscaras”, dizia Hugo Ball,<<strong>br</strong> />
“cele<strong>br</strong>amos uma bufonaria que é, ao mesmo tempo, uma missa<<strong>br</strong> />
dos mortos”.<<strong>br</strong> />
Através de onomatopéias, a palavra se liberta da presença do<<strong>br</strong> />
homem, mas também o homem se liberta da o<strong>br</strong>igação de dizer,<<strong>br</strong> />
de afirmar verdades, das quais não tem mais certeza. Contra uma<<strong>br</strong> />
linguagem codificada, que tinha se revelado uma fonte de mistificação,<<strong>br</strong> />
os dadaístas propõem uma linguagem por meio da dança, uma<<strong>br</strong> />
nova linguagem, baseada na expressividade do corpo, expressão de<<strong>br</strong> />
uma sensibilidade e de uma representação do mundo por imagens<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>pletamente novas.<<strong>br</strong> />
As mutações no uso do corpo não fazem mais do que registrar<<strong>br</strong> />
uma mudança no próprio conceito de personagem, cuja identidade<<strong>br</strong> />
não é reconhecida numa estabilidade do caráter, já perdida, mas<<strong>br</strong> />
numa instabilidade e numa oscilação contínua de situações.<<strong>br</strong> />
O novo corpo do ator usa próteses, trajes que não têm mais<<strong>br</strong> />
o objetivo de criar uma personagem, mas de inventar formas plásticas.<<strong>br</strong> />
As danças de Schlemmer, na Bauhaus, são um exemplo disso,<<strong>br</strong> />
assim <strong>com</strong>o a Parada de Picasso, Satie, Massine e Cocteau, baseada<<strong>br</strong> />
na oposição entre personagens humanas e as personagens mecânicas<<strong>br</strong> />
dos administradores, que falam uma linguagem priva de sentido,<<strong>br</strong> />
misturando frases publicitárias e onomatopéicas.<<strong>br</strong> />
Pierre Albert-Birot, em muitos de seus textos escritos para<<strong>br</strong> />
marionetes, especialmente em Larountala, propõe um ator que