Edição e distribuição www.designeditora.com.br Tipologia Adobe ...
Edição e distribuição www.designeditora.com.br Tipologia Adobe ...
Edição e distribuição www.designeditora.com.br Tipologia Adobe ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
136<<strong>br</strong> />
Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas<<strong>br</strong> />
MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />
mas, apesar disso, em algum lugar tenho aquela vontade fugitiva de<<strong>br</strong> />
acreditar que o fato realmente ocorreu. O meu animismo acaba de<<strong>br</strong> />
reagir. A marionete possui, pois, o poder de a<strong>br</strong>ir uma portinha para<<strong>br</strong> />
o nosso subconsciente. Não se trata, por isso, de regredir até um<<strong>br</strong> />
misticismo ultrapassado, mas recusar a existência desse reservatório<<strong>br</strong> />
de imaginário e de fantasma 4 é privar-se de uma fonte inesgotável<<strong>br</strong> />
de criatividade e de investigação.<<strong>br</strong> />
A marionete nos permite desordenar as proporções da cena,<<strong>br</strong> />
jogando <strong>com</strong> a relação das escalas, e propor uma mise en abîme 5<<strong>br</strong> />
do espaço.<<strong>br</strong> />
A DANÇA<<strong>br</strong> />
O encontro <strong>com</strong> a minha <strong>com</strong>panheira, Mary Underwood 6 ,<<strong>br</strong> />
dançarina, iria assinalar uma virada decisiva na minha abordagem da<<strong>br</strong> />
cena. Com Mary, eu desco<strong>br</strong>ia a dança, fusão, vertigem, repetitiva,<<strong>br</strong> />
a dança que expressa o indizível, a dança enigma. Existem aqueles<<strong>br</strong> />
momentos em que o corpo transcende o espaço, o faz explodir. Mas<<strong>br</strong> />
ainda é mais flagrante quando esse corpo em movimento se afronta,<<strong>br</strong> />
se opõe a uma matéria ou a objetos ou a personagens inabituais em<<strong>br</strong> />
contextos que chegam às vezes até mesmo a ser antinômicos. Tais<<strong>br</strong> />
encontros impossíveis fissuram as nossas paredes mentais, a<strong>br</strong>em<<strong>br</strong> />
portas para paisagens turvas ou luminosas, paisagens em que a razão<<strong>br</strong> />
4 A palavra ‘fantasma’ apresenta (...) o interesse de delimitar a significação psicanalítica<<strong>br</strong> />
da palavra ‘imagem’ em psicologia» (FÉDIDA, Pierre. Dictionnaire a<strong>br</strong>égé, <strong>com</strong>paratif<<strong>br</strong> />
et critique des notions principales de la Psychanalyse. Paris: Larousse, 1974. p.126 et seq.<<strong>br</strong> />
— Nota dos Tradutores.<<strong>br</strong> />
5 Talvez se pudesse propor o termo «especularização», ao pensar no efeito produzido por<<strong>br</strong> />
um espelho posto diante de outro. Lem<strong>br</strong>emos que «ábyssos», em grego, significa « sem<<strong>br</strong> />
fundo », o que parece reforçar a idéia especular e de distâncias insondáveis (infinitos<<strong>br</strong> />
de tempo e de espaço) contida na expressão, literalmente traduzível por «posta em<<strong>br</strong> />
abismo», aqui utilizada por Philippe Genty — (N. Ts.).<<strong>br</strong> />
6 Com doze anos, Mary Underwood se inscreve numa escola de dança. Seis anos mais<<strong>br</strong> />
tarde, passa num exame para ser maître de ballet. No entanto, inesperadamente, resolve<<strong>br</strong> />
percorrer o mundo: trabalha <strong>com</strong> inúmeras <strong>com</strong>panhias até encontrar o marionetista<<strong>br</strong> />
Philippe Genty — (N. Ts.).