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Para cada uma das nossas criações, construo um storyboard<<strong>br</strong> />

[roteiro], auxiliado por fotomontagens, ou seja: uma, ou, às vezes,<<strong>br</strong> />

várias imagens correspondem a cada cena. Em torno dessas<<strong>br</strong> />

imagens, desenvolvo uma situação, uma relação, um conflito,<<strong>br</strong> />

um clima, deixando muitas vezes várias alternativas possíveis<<strong>br</strong> />

para cada uma das cenas. No final da escrita, eu me encontro<<strong>br</strong> />

geralmente <strong>com</strong> cerca de 50 páginas de descrição detalhadas,<<strong>br</strong> />

mas deixando sempre portas abertas para outros possíveis.<<strong>br</strong> />

Bem no início das nossas criações, eu tinha tendência a<<strong>br</strong> />

querer ditar tudo, a impor. O espantoso é que são os materiais,<<strong>br</strong> />

os objetos, as marionetes que vão me ensinar a escutar. Eu desco<strong>br</strong>ia<<strong>br</strong> />

que, ao o<strong>br</strong>igá-los a fazer o que estava escrito, eles saíam<<strong>br</strong> />

empo<strong>br</strong>ecidos. Em <strong>com</strong>pensação, se nos púnhamos à sua escuta,<<strong>br</strong> />

eles nos conduziam a descobertas assom<strong>br</strong>osas, revelando-nos<<strong>br</strong> />

coisas enterradas dentro de nós mesmos. É um dos momentos<<strong>br</strong> />

mais apaixonantes da criação. No início dos ensaios, reservamos<<strong>br</strong> />

para cada cena 2 ou 3 sessões de improvisações a partir dos<<strong>br</strong> />

temas escritos, a fim de que os atores se apropriem do assunto.<<strong>br</strong> />

A personalidade dos atores, a dos materiais, a dos objetos, vão<<strong>br</strong> />

então me levar a modificar e a reescrever algumas cenas no decorrer<<strong>br</strong> />

dos ensaios.<<strong>br</strong> />

Permaneço fiel a que os nossos espetáculos continuem a ser<<strong>br</strong> />

um divertimento. Falar dos nossos conflitos e dos nossos monstros<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> humor e derrisão é um meio de tomar distância deles e<<strong>br</strong> />

de readquirir certa paz em nós mesmos, para desco<strong>br</strong>ir que esses<<strong>br</strong> />

monstros criados na nossa infância a partir de culpas recalcadas são<<strong>br</strong> />

muitas vezes monstros de papel.<<strong>br</strong> />

Se esses divertimentos puderem pelo menos iniciar a descoberta<<strong>br</strong> />

de que muitos conflitos que nos opõem aos outros são muitas vezes<<strong>br</strong> />

as projeções dos nossos próprios medos, das nossas próprias angústias,<<strong>br</strong> />

das nossas próprias vergonhas, recalcadas em nossa infância,<<strong>br</strong> />

ou até se apenas perturbarem ou interrogarem, então eles me terão<<strong>br</strong> />

ajudado a romper não só o meu isolamento, mas talvez o de alguns<<strong>br</strong> />

dos nossos espectadores.<<strong>br</strong> />

MÓIN-MÓIN<<strong>br</strong> />

141<<strong>br</strong> />

Revista de Estudos so<strong>br</strong>e Teatro de Formas Animadas

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