Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Curso <strong>de</strong> <strong>Mergulho</strong> Nacional (IDP) MATERIAL E ESCAFANDRO<br />
A GARRAFA<br />
As garrafas<br />
• Em Portugal e na Europa, a gran<strong>de</strong> maioria das garrafas <strong>de</strong> mergulho são feitas <strong>de</strong> aço. Já há alguns anos que<br />
apareceram garrafas <strong>de</strong> alumínio, mas na sua maioria para serem utilizadas como garrafas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scompressão (ou<br />
“ponys”). Continua a não ser frequente ver mergulhadores com garrafas <strong>de</strong> alumínio às costas.<br />
• Devem escolher-se as garrafas com a melhor relação peso/volume possível (evitar as garrafas <strong>de</strong> 300 bar, por<br />
colocarem o material sobre um stress maior. Adicionalmente o ganho <strong>de</strong> gás disponível, não compensa as<br />
<strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> muito mais peso, mais dificulda<strong>de</strong> em encher a garrafa, maior preço, e alterações significativas<br />
nas características <strong>dos</strong> gases etc.).<br />
• A escolha das garrafas <strong>de</strong>ve ter em conta o tamanho do corpo do mergulhador, o seu consumo, os perfis <strong>de</strong><br />
mergulho, e os ambientes <strong>de</strong> mergulho on<strong>de</strong> vai ser utilizada. Uma má escolha contribui para problemas no<br />
controlo <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong>, e aumenta o risco <strong>de</strong> danos ambientais, e danos para o mergulhador.<br />
• É também necessário a<strong>de</strong>quar as garrafas ao fato, e ao sistema <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong>. As garrafas <strong>de</strong> aço<br />
po<strong>de</strong>m criar uma flutuabilida<strong>de</strong> negativa gran<strong>de</strong>, e causar problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scidas <strong>de</strong>scontroladas, sobretudo se<br />
usadas com fatos húmi<strong>dos</strong>. Quando se utilizam garrafas <strong>de</strong> aço <strong>de</strong>ver-se-ia utilizar um fato seco, como medida <strong>de</strong><br />
controlo <strong>de</strong> flutuabilida<strong>de</strong>, no caso <strong>de</strong> falha no colete.<br />
• A sua construção tem que ser extremamente cuida<strong>dos</strong>a, dadas as pressões a que irão<br />
suportar, actualmente da or<strong>de</strong>m das 200 atmosferas e só algumas fabricas em todo o mundo<br />
produzem este tipo <strong>de</strong> material, em Portugal por exemplo, muitas das vezes somos leva<strong>dos</strong> a<br />
comprar garrafas <strong>de</strong> Marca x ou Y, mas na realida<strong>de</strong> estas garrafas tem todas a mesma<br />
origem, uma fabrica em Portugal que produz botijas <strong>de</strong> ar para mergulho. Mais tar<strong>de</strong> as<br />
diferentes marcas, usando as suas cores típicas e aplicando-lhe acessórios diferentes, fazem<br />
variar o seu aspecto, apesar da garrafa ser completamente igual a outras.<br />
• O material mais utilizado é o aço <strong>de</strong> liga, mas também existem <strong>de</strong> alumínio, especialmente as<br />
<strong>de</strong> origem americana. Mais mo<strong>de</strong>rnamente e ainda em fase experimental, surgiram as<br />
garrafas <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> carbono, que ainda não se encontram comercializadas e alem disso são<br />
construídas para serem carregadas a pressões muito elevadas, acima <strong>dos</strong> compressores<br />
existentes actualmente no mercado e por isso sem gran<strong>de</strong> interesse imediato para nós.<br />
• Quer externa quer internamente as garrafas são tratadas <strong>de</strong> modo a evitar a corrosão. Estes<br />
tratamentos, bem como a pintura externa, <strong>de</strong>vem ser revistos periodicamente a fim <strong>de</strong> que<br />
não apareçam falhas que seriam fontes <strong>de</strong> corrosão.<br />
• Seja qual for o material da garrafa encontraremos sempre grava<strong>dos</strong> no seu corpo, a punção,<br />
uma série <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> que são importantes para a sua utilização. Estes da<strong>dos</strong> traduzem a<br />
história da vida da garrafa e aparecem-nos em to<strong>dos</strong> os recipientes <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> a conter gases<br />
sob pressão, <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> ou não ao mergulho. A maior parte das garrafas apresentam os<br />
seguintes elementos:<br />
1. Capacida<strong>de</strong>, normalmente em Litros;<br />
2. Peso da garrafa, sem acessórios;<br />
3. Numero <strong>de</strong> série <strong>de</strong> fabrico;<br />
4. Natureza do gás a que se <strong>de</strong>stina;<br />
5. pressão <strong>de</strong> serviço, ou seja a pressão <strong>de</strong> carga;<br />
6. pressão <strong>de</strong> ensaio, cerca <strong>de</strong> 1,5 vezes a pressão <strong>de</strong> serviço;<br />
7. Data das diferentes provas hidráulicas;<br />
8. Símbolo da empresa que fabricou a prova hidráulica;<br />
9. A marca da fabrica.<br />
• Para o mergulhador o interesse é saber a pressão <strong>de</strong> serviço, dado que será a carga máxima a que a garrafa po<strong>de</strong><br />
ser carregada e a data da ultima prova hidráulica em dia.<br />
• Como já disse as garrafas <strong>de</strong>vem ser submetidas a ensaios periodicamente, em principio este ensaio <strong>de</strong>ve realizarse<br />
<strong>de</strong> 10 em 10 anos, embora este período <strong>de</strong>va ser encurtado se qualquer anomalia nos suscitar duvidas quanto<br />
ao seu estado.<br />
O que é a prova hidráulica?<br />
• Um <strong>dos</strong> principais problemas da mecânica é a fadiga do material. Todo o material sujeito a esforços alterna<strong>dos</strong><br />
acaba por ce<strong>de</strong>r ao fim <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado numero <strong>de</strong> ciclos aplica<strong>dos</strong>. A carga e a <strong>de</strong>scarga das garrafas<br />
correspon<strong>de</strong> á aplicação <strong>de</strong> esforços alterna<strong>dos</strong> pelo que a garrafa terá um certo tempo <strong>de</strong> vida.<br />
• Quando se carrega uma garrafa ela reagirá elasticamente, aumentando <strong>de</strong> volume. Durante a <strong>de</strong>scarga esse<br />
volume diminuirá. Claro que estas variações não são visíveis a olho nu nem interessa ao mergulhador amador<br />
<strong>de</strong>tecta-las pois isso é trabalho <strong>dos</strong> técnicos. A partir <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada altura, correspon<strong>de</strong>nte a um certo<br />
numero <strong>de</strong> ciclos, a garrafa per<strong>de</strong>rá essa elasticida<strong>de</strong>, isto é, <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> aumentar e diminuir <strong>de</strong> volume com a<br />
carga e <strong>de</strong>scarga. É a altura <strong>de</strong> ir para a sucata.<br />
• Na prova hidráulica a garrafa é cheia <strong>de</strong> água, que sendo incompreensível não explodira se a garrafa não aguentar<br />
e é-lhe aplicada uma pressão <strong>de</strong> ensaio, cujo valor é a pressão <strong>de</strong> serviço mais 50% . Se a garrafa tiver atingido o<br />
limite da fadiga ou tiver qualquer ponto fraco provocado pela corrosão ou por qualquer outra causa, rebentará.<br />
• Ensaios <strong>de</strong>strutivos, feitos por fabricantes ou por organismos da <strong>de</strong>fesa do consumidor, mostram que uma garrafa<br />
po<strong>de</strong> aguentar pressões da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3 vezes a sua pressão <strong>de</strong> serviço sem rebentar.<br />
Proprieda<strong>de</strong> do NASAL<br />
59