Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
Manual de Mergulho - nasal - Universidade dos Açores
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Curso <strong>de</strong> <strong>Mergulho</strong> Nacional (IDP) INTRODUÇÃO<br />
Proprieda<strong>de</strong> do NASAL<br />
COUSTEAU.<br />
Quem somos nós?<br />
Como to<strong>dos</strong> os seres humanos, nascemos no coração da mãe-terra. Temos braços e<br />
pernas e respiramos oxigénio que entra nos nossos pequenos pulmões.<br />
Passamos gran<strong>de</strong> parte da nossa vida na posição vertical o que nos dá uma maior<br />
autonomia e conforto na terra. Vistos superficialmente somos iguais a to<strong>dos</strong> os seres<br />
humanos. Mas analisando um pouco mais fundo, alguma coisa nos torna diferentes.<br />
Nascemos com os olhos acostuma<strong>dos</strong> ao azul das águas. Temos um corpo que anseia pelo<br />
braço do mar e, um pulmão que aceita gran<strong>de</strong>s privações <strong>de</strong> ar apenas para prolongar a<br />
nossa vida no mundo azul.<br />
Somos homens e mulheres <strong>de</strong> espírito inquieto. Procuramos na nossa vida mais do que<br />
nos foi dado. Passamos por gran<strong>de</strong>s provas para nos aproximar <strong>dos</strong> peixes. Transformamos<br />
nossos pés em gran<strong>de</strong>s barbatanas, aguentamos o calor do nosso corpo com peles falsas e<br />
até chegamos a levar um novo pulmão nas nossas costas. E tudo isto para quê? Para<br />
po<strong>de</strong>rmos satisfazer uma paixão, um sonho. Porque nós, algum dia, <strong>de</strong> alguma forma, fomos<br />
apresenta<strong>dos</strong> a um mundo novo. Um mundo <strong>de</strong> silêncio, calma, mistério, respeito e amiza<strong>de</strong>.<br />
E esta calma e silêncio fizeram-nos esquecer a confusão e a agitação do nosso mundo natal.<br />
O mistério envolveu nosso coração se<strong>de</strong>nto <strong>de</strong> aventura.<br />
O respeito que apren<strong>de</strong>mos a ter pelos verda<strong>de</strong>iros habitantes <strong>de</strong>ste mundo. Respeito esse<br />
que, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sentido a inocência <strong>de</strong> um peixe, a inteligência <strong>de</strong> um golfinho, a<br />
majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma baleia ou mesmo a força <strong>de</strong> um tubarão, po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r.<br />
E a amiza<strong>de</strong>? Quando vamos até ao fundo do mar, <strong>de</strong>scobrimos que ali jamais po<strong>de</strong>ríamos<br />
viver sozinhos. Então levamos mais alguém. É esta pessoa, chamada <strong>de</strong> binómio, dupla,<br />
companheiro ou simplesmente amigo, passa a ser importante para nós. Porque para além <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r salvar a nossa vida, passa também a compartilhar tudo que vimos e sentimos. E em<br />
binómio, passamos a ter equipes, e estas passam a ser cada vez maiores e mais unidas.<br />
E assim, enten<strong>de</strong>mos que somos to<strong>dos</strong> velhos amigos, mesmo que não nos conheçamos.<br />
E esse elo que nos une é maior que to<strong>dos</strong> os outros que já encontrámos. E isso faz com que<br />
nós mais do que amigos, sejamos irmãos. Faz <strong>de</strong> nós, mergulhadores.<br />
Jacques Yves Cousteau<br />
1