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Revista Cena Internacional

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O IMPÉRIO BRASILEIRO E AS REPÚBLICAS DO PACÍFICO – 1822/1889<br />

135<br />

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○ Luís Cláudio Villafañe G. Santos<br />

sancionar esses tratados. Essas duas inovações seriam, no entanto, retomadas como<br />

doutrina de política externa anos após 1850.<br />

Tampouco o tratado com Chile foi ratificado, mas mesmo assim ele estabeleceu<br />

bases mais vantajosas para comércio bilateral, pois quando vencidos os prazos para a<br />

troca de instrumentos de ratificação o Governo brasileiro conseguiu que as relações<br />

comerciais passassem a ser regidas pela cláusula de nação-mais-favorecida, o que<br />

também foi alcançado nas relações comerciais com o Peru.<br />

II. A Consolidação da Política Externa do Império e o Prenúncio<br />

da Hegemonia Chilena no Pacífico (1850-1861)<br />

De todo modo, até a década de 1850, política brasileira para as repúblicas do<br />

Pacífico foi relativamente tímida, tendo tido a ratificação de sua principal iniciativa —<br />

os tratados com o Chile e o Peru — recusada por não se coadunar com as teses então<br />

prevalecentes na diplomacia imperial. De resto, a diplomacia brasileira nessas primeiras<br />

décadas de vida independente procurou afastar o fantasma de uma coligação antibrasileira,<br />

que, na verdade, era pouco provável dada a grande instabilidade interna<br />

prevalecente em quase todos nossos vizinhos.<br />

A partir dos últimos anos da década de 1840 o subsistema do Pacífico passaria<br />

a ser cada vez mais marcado pela presença hegemônica do Chile e o Brasil, por sua<br />

vez, ao iniciar-se a década de 1850, passaria cada vez mais ao papel protagônico no<br />

subsistema platino. Depois desse ponto de inflexão, o Império passou a ter uma atitude<br />

ativa e definida nos vários temas de sua agenda externa: tráfico de escravos, política<br />

platina, fixação de limites e navegação fluvial.<br />

A disputa com a Inglaterra sobre o tráfico de escravos que, desde 1826 o Império<br />

havia se comprometido a extinguir, exacerbou-se com o “Bill Aberdeen”, de 1845.<br />

Curvando-se aos fatos e movido por uma conjuntura interna favorável, já em 1850 era<br />

aprovada nova lei de repressão ao tráfico, iniciando uma série de medidas que iria<br />

resultar, finalmente, na abolição da escravidão no Brasil.<br />

No Prata, o Brasil abandonou sua política de neutralidade no conflito entre<br />

Oribe, com o apoio de Rosas, e o Governo de Montevidéu. Passou a sustentar este último,<br />

financeira e, depois, militarmente, e acabou por assistir à queda de Rosas na Argentina.<br />

A questões de limites e de navegação fluvial também foram repensadas e<br />

definidas em políticas coerentes, defendidas consistemente desde então. Estava<br />

superada a fase de vacilações nas atitudes do Império frente seus grandes desafios<br />

externos. As políticas consolidadas em doutrinas nesse momento seriam esposadas<br />

até o fim do Império.

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