25.08.2013 Views

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O MUNDO DE OSCAR CAMILIÓN<br />

169<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ Matias Spektor<br />

informação norte-americanos nas repúblicas caribenhas e que representavam<br />

interesses ligados ao tráfico de armas e drogas ilícitas que parece ter criado raízes na<br />

política internacional Argentina, posto que produziram episódios publicamente<br />

conhecidos durante os quase vinte anos de vida democrática do país.<br />

Camilión aponta que em 1981 as Forças Armadas argentinas entendiam que<br />

operar militarmente em Malvinas lhes permitia ganhar recursos para impor, pela força,<br />

uma resolução semelhante ao tema do Canal do Beagle. Portanto, o autor sustenta que<br />

tratar o conflito com o Chile separadamente da questão Malvinas era uma aposta<br />

idealista, como efetivamente foi a do árbitro em questão, o Papa. Ao explicar ao Pontífice<br />

a necessidade de uma ação coordenada nas duas frentes para conter a potencial eclosão<br />

de violência no Atlântico Sul, Camilión encontrou-se com que o árbitro trataria do<br />

Beagle unicamente.<br />

Segundo depoimentos do próprio Camilión, caso os militares não houvessem<br />

optado por atuar inicialmente em Malvinas e sim negociado com o Chile desde uma<br />

posição de evidente superioridade militar, o resultado da negociação do Beagle teria<br />

sido mais benéfico para Buenos Aires24 . Ou seja, a catástrofe de Malvinas impediu o<br />

governo de Alfonsín de negociar maiores prerrogativas como Chile já durante os<br />

primeiros anos do regime democrático.<br />

O fracasso do chanceler em evitar a aceleração dos tempos militares e populares<br />

que levariam ao conflito aberto com o Reino Unido, assim como a queda de Viola, o<br />

forçariam o seu afastamento. Camilión foi das poucas vozes a publicar<br />

sistematicamente artigos na imprensa nacional que clamavam pelo abandono das<br />

armas e pela retomada das negociações diplomáticas.<br />

Em suas memórias, pode-se encontrar o relato dos meses do conflito armado<br />

também constitui uma peça chave para os analistas do período, já que traz a perspectiva<br />

única de uma personagem que, embora não ocupasse um cargo decisório, conhece<br />

profundamente os atores envolvidos e a lógica que permeou a invasão, a derrota e o<br />

retorno dos soldados argentinos ao continente. Também estão presentes alguns detalhes<br />

do embate travado pelas delegações argentina, brasileira, norte-americana e britânica<br />

no Conselho de Segurança das Nações Unidas, jogando luz sobre o fascinante papel<br />

que o Itamaraty jogou durante o conflito.<br />

VII. O governo Menem<br />

Já adentrada a década de 1980, Camilión recebeu um convite do Secretário<br />

Geral das Nações Unidas, Pérez de Cuéllar, para ser seu enviado especial ao Chipre,<br />

onde ficou durante mais de cinco anos. Seu retorno a Buenos Aires ocorreria apenas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!