Revista Cena Internacional
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INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA LEGAL? ASPECTOS POLÍTICO-HISTÓRICOS<br />
E NEO-COLONIALISMO EXPROPRIATÓRIO<br />
251<br />
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○ Leonardo Arquimimo de Carvalho<br />
contrato de arrendamento do território acreano por trinta anos, acrescido da<br />
possibilidade de renovação por igual período, a um consórcio de investidores angloamericanos<br />
chamado Bolivian Syndicate, para exploração das terras e das seringueiras<br />
na região. Esta medida buscava demonstrar um poder sobre um território, que<br />
paulatinamente se tornava mais brasileiro 8 .<br />
No ‘Território de Colônias’, como era denominado pelos bolivianos, trabalhavam<br />
mais de 60 mil seringueiros brasileiros atraídos pela exploração do látex. O território<br />
era motivo de disputada entre Peru e Bolívia, e encontrava-se sob a administração<br />
boliviana. Como o Tratado de 1867, a área litigiosa passava para Brasil, o que era<br />
amplamente contestado, já que a Bolívia apoiava-se no princípio uti possidetis para<br />
regular as relações territoriais internacionais.<br />
Ciente, porém, da impossibilidade de expulsar os seringueiros brasileiros que<br />
trabalhavam na região, os bolivianos resolveram executar o contrato firmado com o<br />
Bolivian Syndicate. Para dar a posse da terra aos concessionários, a canhoneira norteamericana<br />
Wilmington, sem licença do Governo brasileiro, subiu o Rio Amazonas até<br />
o Acre dando ensejo a violentos conflitos. 9<br />
Os seringueiros comandados por Plácido de Castro combateram até obter a<br />
rendição dos americanos e bolivianos. O Barão do Rio Branco, conduzindo as<br />
negociações entre os dois países, solucionou o conflito em 1903, pelo Tratado de<br />
Petrópolis. O Acre, então, passava ao domínio brasileiro mediante uma indenização<br />
de 2 milhões de libras esterlinas, cessão de pequenas áreas do território brasileiro – a<br />
oeste do Mato Grosso – à Bolívia, além do compromisso brasileiro da construção da<br />
ferrovia Madeira-Mamoré. O trabalho do Barão de Rio Branco no caso Bolivian<br />
Syndicate assegurou uma vitória da diplomacia contra o imperialismo anglo-americano.<br />
2.3. Novos intentos<br />
Godim da Fonseca recorda a sugestão do presidente Woodrom Wilson a Lloyd<br />
George, Primeiro Ministro britânico, de internacionalizar a Amazônia. A proposta foi<br />
repelida pelos ingleses, já que o Brasil estava ligado à Inglaterra e aos seus banqueiros,<br />
e a medida beneficiaria sobremaneira os EUA. As jazidas minerais e o possível petróleo<br />
que se cogitava existente despertavam, já na década de 20, interesses diversos. No<br />
mesmo período a Standard Oil, obteve concessões para explorar a região, as quais,<br />
posteriormente, caducaram em face da legislação do período Vargas. Os norteamericanos<br />
arrolavam como suas determinadas jazidas de ferro na Amazônia, sem<br />
sequer conhecê-las.<br />
Em 1927, a Ford do Brasil obteve concessão de 1 milhão de ha. para plantação<br />
de seringueiras próximo a Santarém, nas margens do Rio Tapajós – os britânicos