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Revista Cena Internacional

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72<br />

A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA INTERNACIONAL POLICÊNTRICO: ATORES ESTATAIS<br />

E NÃO-ESTATAIS SOCIETAIS NO PÓS-GUERRA FRIA<br />

Rafael Duarte Villa<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

em Os últimos anos do século de sociedade mundial ou internacional. Isto é, aquele<br />

sistema constituído pelos cruzamentos dos planos interestatal, supranacional e<br />

transnacional (ARON, 1987, p. 27). A partir dessa perspectiva mais ampla é possível<br />

um deslocamento de uma concepção estatocêntrica para uma visão policêntrica da<br />

política internacional; assim é possível apreender com maior precisão as mudanças<br />

no sistema internacional ampliado. Huntington tem resumido essas mudanças como<br />

sistêmicas, as quais compreenderiam:<br />

[...] Mudanças na estrutura das políticas internas e externas. Estas incluem: a<br />

emergência de uma economia verdadeiramente global e de poderosas organizações<br />

econômicas transnacionais; a revolução eletrônica nas comunicações; o movimento<br />

global em direção aos sistemas políticos democráticos e às economias de mercado; a<br />

queda da importância e no poder dos Estados-nações para alguns propósitos, e a<br />

intensificação das identidades nacionais e étnicas para outros [...]. Talvez a<br />

conseqüência mais importante dessas mudanças sistêmicas seja a aparente alteração<br />

na relevância e utilidade dos diferentes recursos de poder, com o declínio do militar<br />

e o crescimento da importância do poder econômico [HUNTINGTON, 1992, p. 18-19].<br />

Todavia, a redefinição do sistema internacional como proposto tem uma<br />

conseqüência importante. Os planos interestatal, supranacional e transnacional do<br />

conceito não existem como realidades autônomas, mas são interdependentes. A noção<br />

de interdependência, entretanto, não pode ser tomada como fato absoluto, que permeia<br />

o tempo todo os três planos de análise. De tal forma, uma outra tensão decorrente da<br />

sistema internacional policêntrico é gerada na oposição entre a interdependência e a<br />

autonomia dos processos e dos atores. Em relação a esse ponto, devem ser feitas duas<br />

observações. De um lado, a categoria de interdependência não implica necessariamente<br />

relações simétricas entre atores, dado que seu funcionamento está mais perto do que<br />

Keohane chamou de “interdependência assimétrica”. Isso significa que a distribuição<br />

tanto dos benefícios como dos custos entre atores não é necessariamente equivalente,<br />

pois unidades políticas com maior equilíbrio nas suas diferentes dimensões de poder<br />

têm melhores condições de continuar impondo seus interesses (KEOHANE & NYE<br />

JR., 1985). Mesmo no plano transnacional isso é relativamente certo, pois atores nãoestatais<br />

com maiores recursos políticos e econômicos têm melhores possibilidades de<br />

infiltrar sua influência que aqueles que carecem destes. Esse cuidado em atentar “para<br />

a realidade como ela é” descarta, portanto, qualquer hipótese idílica do funcionamento<br />

da interdependência.<br />

Quanto ao acesso aos meios, mesmo que a natureza dos conflitos seja de ordem<br />

não-estatal, é evidente que existe uma assimetria ou hierarquia de atores no sistema

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