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Revista Cena Internacional

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52<br />

RELAÇÕES BRASIL ÁFRICA DO SUL:<br />

QUATRO DÉCADAS RUMO À AFIRMAÇÃO DE UMA PARCERIA DEMOCRÁTICA (1948-1998)<br />

Mário Vilalva & Irene Vida Gala<br />

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eloqüente aos grupos de libertação da África do Sul, evidenciados, por exemplo, nas<br />

visitas oficiais do Bispo sul-africano Desmond Tutu e do líder da SWAPO, Sam Nujoma,<br />

ao Brasil, ambas em 1987, e mais os ares da abertura no cenário interno, que permitiam,<br />

por exemplo, a plena manifestação popular dos grupos nacionais de apoio aos<br />

movimento anti-aparteísta80 , reduziram as pressões sobre o Governo e inauguravam<br />

um novo período nas relações Brasil – África do Sul, determinadas sobretudo pela<br />

normalidade democrática. No Governo do Presidente José Sarney, a redação e votação<br />

de uma nova Constituição chancelava definitivamente o repúdio brasileiro ao regime<br />

segregacionista da África do Sul.<br />

V. As conseqüências naturais das mudanças nos cenários interno<br />

e internacional associadas ao colapso do modelo aparteísta<br />

Coincide com a instalação de um governo civil no Brasil, em 1985, período dos<br />

mais instáveis da política interna sul-africana. A despeito da repressão, os movimentos<br />

de libertação estavam cada vez mais presentes em manifestações internas de repúdio<br />

ao regime e os sindicatos revelavam grande capacidade de mobilização, conseguindo<br />

a expansão da política de desinvestimento estrangeiro na África do Sul. Como último<br />

recurso, perante as imensas dificuldades internas de natureza econômica e a pressão<br />

internacional, o Governo do Presidente P. W. Botha admitiu a proposta de criação de<br />

um “Grupo de Pessoas Eminentes”, idealizado em Nassau, durante reunião do<br />

Commonwhealth, em outubro de 1985, com mandato para aproximar o ANC do<br />

Governo de Pretória. Por tergiversações do Governo sul-africano, o grupo acabou por<br />

não lograr resultados, provocando o endurecimento das posições da comunidade<br />

internacional contra a África do Sul, como, por exemplo, com a ampliação das sanções<br />

econômicas81 . Não obstante, o Grupo inaugurara um novo momento no cenário sulafricano,<br />

que viria a se cristalizar após a derrota das tropas sul-africanas em Angola,<br />

na batalha de Cuito Canavale, em 1988.<br />

Esta primeira derrota do poderoso aparato militar sul-africano nos países da<br />

África acabou por enfraquecer inteiramente o Governo, fazendo com que a opção<br />

militar fosse substituída, no caso da Namíbia, pela negociação diplomática, que<br />

conduziria a uma independência negociada para o território, consagrada em 21/03/<br />

90. No plano interno, em 1989, setores mais progressistas do Partido Nacional sulafricano<br />

venceram as eleições nacionais e o novo Presidente Frederick W. de Klerk<br />

acabou levando o país à mesa de negociações com o ANC e demais partidos de oposição<br />

nos primeiros anos da década de 90, bem como à instalação do primeiro governo de<br />

maioria negra, em 1994.

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