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Revista Cena Internacional

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O IMPÉRIO BRASILEIRO E AS REPÚBLICAS DO PACÍFICO – 1822/1889<br />

143<br />

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○ Luís Cláudio Villafañe G. Santos<br />

imperial se mobilizou e pôde confirmar que o objeto da sessão foi o exame de proposta<br />

de aliança entre Peru, Bolívia e Argentina. Receoso de que tal aliança fosse usada<br />

contra o Brasil, o Rio de Janeiro instruiu seus representantes na Bolívia e no Peru que<br />

buscassem garantias nesse sentido. A oferta da Bolívia e do Peru de buscar incluir a<br />

Argentina em seu tratado secreto de aliança foi confirmada, mas ambos Governos<br />

garantiram não estar tal aliança dirigida contra o Império. Como prova de boa fé,<br />

inclusive, o Governo peruano confiou ao representante brasileiro em Lima, por vinte<br />

e quatro horas, cópia do próprio texto do tratado secreto, para que o Governo imperial<br />

pudesse ser informado de seu conteúdo. 17<br />

Após conhecer os termos do tratado secreto, o Governo imperial traçou a sua<br />

estratégia para evitar que o mesmo fosse dirigido contra ele. Em despacho de 17 de<br />

fevereiro de 1874, adiantou ao Ministro brasileiro em Santiago que “O Governo<br />

imperial tem motivos para crer que a República Argentina trata de celebrar com a<br />

Bolívia e o Peru uma aliança relativa a questões de limites”. As suas instruções eram<br />

de dar conta da aliança ao Governo chileno, “verbalmente e em toda reserva; no<br />

interesse da paz” e aconselhá-lo a buscar “algum acordo amigável” para evitar o conflito<br />

que se anunciava. 18<br />

Em março de 1874, o Ministro brasileiro em Santiago, João Duarte da Ponte<br />

Ribeiro, informou o Governo chileno do tratado entre Bolívia e Peru, o qual a essa<br />

altura já era do conhecimento das autoridades do país andino. De todo o modo, o<br />

Ministro das Relações exteriores chileno, Ibañez, agradeceu o alerta brasileiro, em<br />

conversa na qual classificou o Governo imperial como o “seu único amigo sincero e a<br />

tábua de salvação”. Insinuou o estabelecimento de uma aliança entre os dois países,<br />

que, em atenção a instruções recebidas ainda naquele mesmo mês, foi recusada pelo<br />

diplomata brasileiro, que apenas ofereceu os bons ofícios do Império. Ao Governo<br />

chileno a aliança como o Brasil parecia indispensável, pois as suas relações com a<br />

Argentina passavam por um momento de grande tensão, vislumbrando um conflito<br />

em que poderia se bater só contra todos os seus vizinhos. 19<br />

De fato, o Governo imperial não foi seduzido pela oferta chilena de aliança.<br />

Não tinha interesses a defender na costa ocidental do continente que pudessem<br />

justificar o seu envolvimento em um conflito bélico nessa região, especialmente após<br />

o desgaste causado pela Guerra da Tríplice Aliança. Nem por isso, entretanto, via com<br />

bons olhos o estabelecimento da aliança entre o Peru e a Bolívia, e, muito menos, a<br />

eventual adesão da Argentina a tal pacto. Para a Chancelaria brasileira, Buenos Aires<br />

poderia utilizar-se do pacto para tentar resolver as suas questões de limites com o<br />

Paraguai, alegando defender-se de uma agressão paraguaio-brasileira e arrastando a<br />

Bolívia e o Peru para um conflito indesejado.

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