25.08.2013 Views

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

76<br />

A CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA INTERNACIONAL POLICÊNTRICO: ATORES ESTATAIS<br />

E NÃO-ESTATAIS SOCIETAIS NO PÓS-GUERRA FRIA<br />

Rafael Duarte Villa<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

IV. Os atores interestatais no sistema internacional policêntrico<br />

A construção de um conceito ampliado de sistema internacional, adotando a<br />

perspectiva da segurança global multidimensional, leva também a reconsiderar o papel<br />

e a reemergência das agências internacionais interestatais, cujas funções apareciam<br />

descaracterizadas ou subordinadas aos interesses nacionais dos estados no período<br />

da Guerra Fria. A reemergência de instituições intergovernamentais com papéis mais<br />

ativos na política regional e mundial é uma característica marcante na reformulação<br />

do quadro institucional internacional do pós-Guerra Fria. Essas organizações, velhas<br />

e novas, redefinem papéis de uma maneira que poderíamos chamar de especialização<br />

institucional da política mundial. Essa alta especialização institucional da política<br />

mundial evidentemente não representa nenhuma novidade. A novidade parece ser<br />

que seus papéis se tornaram mais definidos e, em alguns casos, passam a ter um poder<br />

de coerção, bem seja de natureza diplomática, econômica ou militar. Dessa maneira<br />

poderíamos sugerir que hoje em dia para cada área importante da política mundial<br />

existem instituições especializadas, que asseguram um mínimo de “governabilidade<br />

internacional” (ou de good governance). O campo da segurança internacional<br />

estratégica vem sendo assumido de maneira mais atuante pelo Conselho de Segurança<br />

da ONU, o financeiro pelo Fundo Monetário <strong>Internacional</strong> e Banco Mundial, a área<br />

comercial pela Organização Mundial do Comércio, e a área político-diplomática pelo<br />

chamado G-7. Como atenta Guimarães:<br />

Na área política, a estratégia é definir e negociar compromissos internacionais que<br />

incorporem regras de bom governo – good governance – a serem seguidas pelos países<br />

periféricos, tais como a adoção da democracia representativa como único regime<br />

aceitável de governo; controle da corrupção; direitos humanos e minorias; legislação<br />

social e trabalhista; política de meio ambiente e desarmamento nuclear e convencional.<br />

Essas normas seriam sancionadas através de organismos regionais ou de organismos<br />

multilaterais [GUIMARÃES, 1999, p. 113-114].<br />

No entanto, uma das limitações com que se defronta esse tipo de ator é de caráter<br />

sistêmico, isto é, o reconhecimento de que as agências interestatais têm uma autonomia<br />

de atuação limitada pelas demandas e pressões do ambiente externo. “Em outras<br />

palavras, na noção de sistema não se contempla a possibilidade de que um dos atores<br />

atue sem que isso venha a provocar reações no entorno” (VILANOVA, 1995, p. 40). As<br />

reações à atuação de um ator podem ser de ordem local ou global. Tais deslocamentos,<br />

em favor ou contra a iniciativa do ator, manifestam-se em constrangimentos ou<br />

limitações à iniciativa de um ator coletivo e multilateral. Um constrangimento rotineiro

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!