Revista Cena Internacional
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OS DILEMAS CIVILIZATÓRIOS DA GLOBALIZAÇÃO FRENTE AO TERRORISMO FUNDAMENTALISTA<br />
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○ Eduardo Viola • Héctor Ricardo Leis<br />
Notas de referência<br />
1 Tíndaro – Tu barbarizas, por ter permanecido muito tempo com os bárbaros!<br />
Menelau – É grego respeitar sempre quem tem a mesma origem.<br />
Tíndaro – E quanto às leis, de qualquer modo, não querer estar acima delas.<br />
(Eurípedes, Orestes, 485-487)<br />
2 No contexto da modernidade, Habermas (1997) estabelece que são válidas aquelas normas de ação que<br />
podem receber o assentimento de todos os possíveis afetados, enquanto partícipes de discursos racionais.<br />
Este princípio de validade é o filtro da razão que se torna necessário, precisamente, para retirar das<br />
normas a moral tradicional. Interessa destacar aqui que, para Habermas, a historia de Europa e os EUA<br />
na interpretação e realização dos direitos humanos indica um claro avanço da racionalidade no Ocidente.<br />
3 De acordo com a classificação de Huntington, essas civilizações são: Ocidental, Africana, Islâmica,<br />
Sínica, Hindu, Ortodoxa, Latino-Americana e Japonesa.<br />
4 De acordo com o registro de Homero, na Guerra de Tróia (episodio contemporâneo do surgimento da<br />
categoria de barbárie) já existiam regras que impediam qualquer uso arbitrário da violência. Um exemplo<br />
disto é Aquiles, que possuído pela fúria não conseguiu satisfazer seu desejo e foi obrigado a entregar<br />
o corpo de Heitor aos troianos para que estes dessem a seu herói um funeral apropriado.<br />
5 Talvez um dos maiores exemplos dessas tristes armadilhas contra a lógica e o bom senso (que o leitor<br />
provavelmente já deve ter encontrado em seu caminho) seja a comparação que alguns “intelectuais” de<br />
meios de comunicação de massa, fazem entre o numero de vítimas do World Trade Center e o número<br />
de crianças que morrem de fome por dia na África (ou em qualquer outro lugar), para concluir a seguir<br />
que se está querendo dar mais importância da que merecem aos atentados do 11 de setembro.<br />
6 Estamos aqui nos aproveitando livremente do conceito de decisionismo elaborado por Carl Schmitt<br />
(1988), aplicando-o à política mundial. Somos obrigados a reconhecer que o autor pensou este conceito<br />
no marco do Estado-nação, porém sua preocupação com a política mundial sempre esteve no centro<br />
de suas preocupações. Na medida que a essência do decisionismo não implica ausência e/ou anulação<br />
de valores ou normas de direito, mas a convicção de que em situações críticas os mesmos não podem<br />
ser escolhidos por meio de um processo de deliberação racional, ficando a decisão com o detentor do<br />
poder, acreditamos que é valido pensar (sobretudo depois do 11 de setembro) em alternativas<br />
decisionistas pró-civilizatórias, por partes dos EUA e os países da OTAN.