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Revista Cena Internacional

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INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA LEGAL? ASPECTOS POLÍTICO-HISTÓRICOS<br />

E NEO-COLONIALISMO EXPROPRIATÓRIO<br />

259<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ Leonardo Arquimimo de Carvalho<br />

A soma de todas estas informações, quais sejam: a) abundância de matéria prima<br />

e insumos primários; b) potencial hídrico elétrico; c) amplo canal de escoamento da<br />

produção; d) estrutura estatal desmontada, inapta para a fiscalização e controle<br />

ambiental; e) fraco conjunto normativo de tutela ao meio ambiente; f) Estado<br />

incentivador da expropriação ao meio ambiente; g) caótica condução das políticas<br />

para a região, conforme referido no início e, h) fragilidade na implementação de políticas<br />

desenvolvimentistas – são todos fatores que compõem o terreno fértil para<br />

implementação da tendência atual de deslocamento da atividade produtiva predadora<br />

para a região amazônica.<br />

Os exemplos citados anteriormente confirmam esta tendência. Se no passado a<br />

força política de Estados centrais ambicionava tomar fisicamente determinada região<br />

com potencial econômico, hoje esta tendência em certa medida, perde espaço para<br />

uma ação efetivamente mais ostensiva por parte das transnacionais e multinacionais<br />

42 43 , que não só ambicionam, mas também sutilmente usurpam países inteiros sem<br />

que se ouçam rangidos dos grilhões aprisionastes. A eficácia deste modelo conduz à<br />

idéia da relativização do conceito de soberania 44 , tornando o espaço nacional um<br />

arrabalde internacional.<br />

Isto implica facilidade maior para o capital internacional penetrar em<br />

determinado território e neste deitar raízes com o escopo de escravizar o ambiente<br />

local, sugando todas as vantagens oferecidas pela região onde fixa sua base.<br />

Enquanto a internacionalização das sociedades-nações rumo ao comércio<br />

mundial deu-se por meio de conquista territorial, no século XX a internacionalização<br />

foi sustentada pelo ímpeto de atores empresariais que marcaram presença não só como<br />

agentes centrais de produção, mas como atores políticos junto a suas contrapartidas<br />

mutuamente implicadas – sindicatos e partidos –, com o Estado funcionando como<br />

variável de ajuste da atuação empresarial. Completando o grande cenário para a<br />

internacionalização estão os Estados centrais que, apesar do discurso do seu<br />

afastamento das relações de mercado, apóiam diretamente os empreendimentos das<br />

corporações nacionais em outros países – a proteção de mercados, garantia de acessos<br />

privilegiados, incentivos fiscais, cobertura militar, comercial diplomática e política<br />

são outras maneira de o Estado auxiliar as corporações em seu esforços globalizantes45 .<br />

Assim, o fenômeno que há muito vem se desenvolvendo em solo Amazônico<br />

representa a verdadeira internacionalização, não nos moldes pretendidos pelos<br />

discursos internacionais, ambiciosos por tornar este terreno um espaço coletivo, mas<br />

sim nos moldes almejados pelo mercado, pretendendo tornar este terreno um espaço<br />

individual, que represente a manutenção do poder central dos Estados hegemônicos.<br />

Ressalta-se a exploração de bens não renováveis – incluídos aqui códigos genéticos

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