Revista Cena Internacional
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INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA LEGAL? ASPECTOS POLÍTICO-HISTÓRICOS<br />
E NEO-COLONIALISMO EXPROPRIATÓRIO<br />
249<br />
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○ Leonardo Arquimimo de Carvalho<br />
denominado de “internacionalização da região amazônica”, principalmente no que<br />
diz respeito a apropriação física pelos atores da cena internacional.<br />
2. Amazônia, fronteira viva<br />
O conceito de fronteira durante muito tempo foi definido como sendo ou natural<br />
ou artificial, ora configurada por rios, desertos e montanhas, ora por linhas geodésicas<br />
que atravessavam espaços ocupados e desabitados. Quando, no início do século XX,<br />
Camilo Vallaux desenvolveu estudos de geografia social, novos conceitos de fronteiras<br />
foram delineados. Vallaux buscou demonstrar que a classificação, em artificial ou<br />
natural, não era de grande importância, vez que as fronteiras resultavam sempre de<br />
decisões governamentais. Propôs, então, nova classificação, a saber: vivas e fronteiras<br />
mortas; sem olvidar da classificação de Ratzel.<br />
Ao se traçar delimitações físicas em espaços não povoados ou de populações<br />
não integradas à vida estatal, surgem as fronteiras esboçadas. As fronteiras vivas ou<br />
de acumulação seriam aquelas em que povos de dois países se encontrassem em tensões<br />
decorrentes de fatores territoriais. Vallaux a concebeu como sendo uma faixa em que<br />
naturais de um e de outro país coabitariam nesta área. A fronteira plenamente aceita<br />
entre Estados ou países limítrofes seria denominada morta. Áreas de antigo povoamento<br />
e de grande interligação os contornos físicos separariam apenas formalmente os<br />
territórios. A análise dos contornos fronteiriços e do território amazônico reflete as<br />
características de uma limitação esboçada 1 .<br />
A qualidade e quantidade das riquezas presentes despertaram o interesse e o<br />
desejo de outros países, também de exploradores, cientistas, industriais, capitalistas e<br />
aventureiros. Descrevem-se algumas destas aventuras na região.<br />
2.1. Navegação amazônica<br />
No curso do período colonial, os portugueses conseguiram diplomaticamente<br />
manter os franceses afastados do arquipélago amazônico. Até meados do século XIX,<br />
o sistema fluvial permaneceu oculto em face da fraca densidade populacional e do<br />
maior interesse que oferecia às republicas andinas o Pacífico. Porém, desde os<br />
primórdios da independência, o rio Amazonas despertava o interesse do mundo exterior,<br />
em grande medida pelo interesse científico e pelas riquezas.<br />
Lembra Delgado de Carvalho que os norte-americanos publicavam constantes<br />
críticas ao sistema português de monopólio à navegação. Tendo sido conduzida intensa<br />
campanha em favor da abertura do rio Amazonas à navegação estrangeira. A intensa