25.08.2013 Views

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

Revista Cena Internacional

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

168<br />

O MUNDO DE OSCAR CAMILIÓN<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ Matias Spektor<br />

permanente necessidade de consensos burocráticos consecutivos. Não podemos deixar<br />

de apontar que a autonomia de Camilión lhe dava uma agilidade crucial para fazer<br />

frente à construção decidida e surpreendentemente veloz de uma das maiores obras<br />

hidrelétricas da História.<br />

Se aceitarmos que os modelos de fazer política externa no Brasil e na Argentina<br />

apresentam vantagens vis a vis o outro de acordo com a circunstância, num momento<br />

de incertezas como esse a liberdade da embaixada argentina em Brasília permitiu-lhe<br />

saltar obstáculos rapidamente e conseguir um resultado que não necessariamente seria<br />

esperado para um país em franca desvantagem econômica, militar, política e regional<br />

como o era a Argentina dos anos 1970. Em outras palavras, o estilo de decidir afeta a<br />

relação entre os meios materiais de um país na vida internacional e a sua capacidade<br />

de alavancagem, de mobilização e de consecução do interesse nacional.<br />

VI. A resolução dos rios e a falida tentativa de evitar Malvinas<br />

A postura de Figueiredo em relação à Argentina era diametralmente oposta à do<br />

seu antecessor. Para aquele, o relacionamento bilateral não poderia ser comprometido<br />

por uma discussão que girava em torno a quantos metros a mais ganharia um ou<br />

outro parceiro na política de hidrelétricas. Finda a negociação definitiva, Camilión<br />

voltava para Buenos Aires para assumir, em poucos meses, a o Palácio San Martin.<br />

Os cinco anos de estadia no Brasil puseram Camilión na primeira plana da<br />

diplomacia argentina, permitindo-lhe aceder à chancelaria da administração de Viola<br />

(1981-1982). Assumir a pasta de Ministro das Relações Exteriores naquele momento<br />

apresentava três desafios específicos. Depois do desgaste inédito do relacionamento<br />

bilateral com os Estados Unidos de Carter, o governo argentino apostava na<br />

reconstrução das bases mínimas para manter um diálogo propositivo com Washington.<br />

O outro desafio para a diplomacia argentina era o Chile, país com o qual a Argentina<br />

quase entrara em conflito armado poucos anos antes e que ainda constituía o grande<br />

motivo de convulsão doméstica que foi o embate pela posse das ilhas do Canal do<br />

Beagle.<br />

Finalmente, estava bastante avançada a questão Malvinas. As negociações<br />

secretas com o Reino Unido apontavam para uma resolução do tipo Hong Kong, na<br />

qual o Parlamento britânico deveria aprovar a moção que faria das ilhas um protetorado<br />

por alguns anos de transição, período após o qual a soberania das mesmas passaria<br />

para o comando de Buenos Aires.<br />

Não se pode deixar de mencionar a existência de uma diplomacia militar paralela<br />

e descontrolada que atuava na questão chilena, que cooperava com os serviços de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!