Revista Cena Internacional
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20 OS DILEMAS CIVILIZATÓRIOS DA GLOBALIZAÇÃO FRENTE AO TERRORISMO FUNDAMENTALISTA<br />
Eduardo Viola • Héctor Ricardo Leis<br />
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significativamente menores do que na Guerra Fria e significativamente inferiores<br />
comparados com as questões econômicas. A tradução militar dessa doutrina implicava<br />
que as forças armadas deviam estar preparadas para ganhar duas guerras convencionais<br />
simultâneas, em teatros distantes do mundo.<br />
Com a chegada de Bush à Casa Branca, em janeiro de 2001, se formula uma<br />
nova doutrina de segurança nacional, concentrada na construção de uma estrutura<br />
de proteção militar (escudo anti-míssil e estruturas anti-terroristas internas) para o<br />
território americano e maior auto-suficiência energética dos EUA, com o objetivo de<br />
afastar as suas forças armadas do envolvimento direto nas áreas mais críticas do mundo.<br />
Depois do 11 de setembro, se formula com bastante rapidez uma nova doutrina de<br />
segurança nacional, baseada no combate integral ao terrorismo global, que considera<br />
inimigo imediato e direto dos EUA a todos os países que derem refúgio ou sejam<br />
tolerantes com as redes terroristas e aos países que pretendem desenvolver armas de<br />
destruição em massa.<br />
Diferentemente da doutrina anterior, que pretendia isolar os norte-americanos<br />
da insegurança do mundo, essa doutrina globaliza a questão da segurança do país e é<br />
um novo e extraordinário acelerador da globalização em geral, a partir da globalização<br />
militar. Tanto para a primeira quanto a segunda doutrina Bush, as questões de<br />
segurança são mais importantes que as questões econômicas para o Estado americano,<br />
embora de um modo diferente que durante a Guerra Fria. A segunda doutrina Bush<br />
implica também a construção de um escudo antimíssil, mas seu perfil tenderá a ser<br />
mais negociado com a União Européia e Rússia. Um elemento decisivo, para o Estado<br />
americano poder enfatizar as questões de segurança é a disposição de sua população<br />
em aceitar os custos de uma guerra em termos de perdas de tropas (disposição que era<br />
quase inexistente nos anos posteriores ao fracasso na Somália, em 1993). Embora a<br />
questão do poderio militar seja decisiva, do ponto de vista de sua dinâmica funcional,<br />
na guerra contra o terrorismo estão em primeiro lugar as operações de inteligência,<br />
em segundo lugar as operações de law enforcement (de estruturas policiais e de<br />
estruturas destinadas a combater os ilícitos transnacionais) e em terceiro lugar as<br />
operações especificamente militares.<br />
VIII<br />
Os atos do 11 de setembro encontraram uma humanidade praticamente<br />
desapercebida quanto à importância e à atualidade do velho dilema entre civilização<br />
e barbárie e com crescente consciência do mundo como lugar único, porém