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Revista Cena Internacional

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142<br />

O IMPÉRIO BRASILEIRO E AS REPÚBLICAS DO PACÍFICO – 1822/1889<br />

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○ Luís Cláudio Villafañe G. Santos<br />

de alianças político-militares entre países dos subsistemas do Prata e do Pacífico. A<br />

tentativa do Peru de atrair a Argentina para sua aliança com a Bolívia contra o Chile<br />

foi vista com extrema desconfiança pelo Império, que temia que tal aliança se voltasse<br />

contra ele. Isso criou condições para o estreitamento das relações entre o Brasil e o<br />

Chile — caracterizadas por uma profunda tensão no período imediatamente anterior.<br />

Essa década de 1870 assistiu a um jogo de incessantes possibilidades de alianças<br />

e contra-alianças entre os países do continente sul-americano, transformando a política<br />

regional em uma caricatura do esquema de balança-de-poder europeu. Diferentemente<br />

da européia, entretanto, a balança-de-poder sul-americana não estava alicerçada numa<br />

ampla rede de interesses que pudessem garantir seu funcionamento. Pelo contrário,<br />

os devaneios sobre alianças complexas e mirabolantes acabariam por se mostrar<br />

inexeqüíveis. Alguns até rapidamente, como a proposta de aliança entre a Costa Rica<br />

e o Império, “para repelirem ambos as pretensões do Governo colombiano relativamente<br />

aos seus limites”. 15 Tal possibilidade, insinuada pelo representante costarriquenho<br />

em Lima a seu contraparte brasileiro, foi imediatamente descartada. O Império, no<br />

entanto, logo em seguida orientou seu representante a coordenar-se com o Governo<br />

peruano para o caso da Colômbia querer “sustentar, mesmo pela força, as suas<br />

exageradas e injustificáveis pretensões territoriais”. 16<br />

As variações sobre as possibilidades de alianças e contra-alianças não pararam<br />

por aí: desde uma coligação entre Argentina, Bolívia, Chile, Peru e Equador contra o<br />

Brasil e o Paraguai até uma liga entre o Chile e o Brasil em contraposição ao Peru,<br />

Bolívia e Argentina, tudo se especulou, com maior ou menor seriedade. De concreto,<br />

todavia, subsistiria apenas o tratado secreto de 1873 entre o Peru e a Bolívia, que acabou<br />

sendo invocado contra o Chile.<br />

Apesar da ilusão de alianças envolvendo todo o continente em um único sistema<br />

de pesos e contrapesos, na prova dos fatos, não era factível atrair os países sulamericanos<br />

para alianças em defesa de interesses em regiões que para eles não eram<br />

prioritárias. Assim, apesar dos convites chilenos, o Império não se mostrou disposto a<br />

se imiscuir diretamente na política do Pacífico e inviabilizou a montagem da intrincada<br />

balança-de-poder sul-americana. Os conflitos se deram, como ao fim das contas era de<br />

se esperar, apenas entre os atores diretamente envolvidos nos focos de tensão<br />

localizados que se constituíam no fio condutor da política intra-continental.<br />

O ano de 1873 iniciou-se marcado pela tensão no continente sul-americano.<br />

Não só o Império temia alianças contra si, como mesmo o Governo argentino procurava<br />

precaver-se de uma suposta liga entre Brasil, Bolívia, Chile e Paraguai, e, na costa do<br />

Pacífico, o Chile temia uma entente reunindo Argentina, Bolívia e Peru.<br />

Em meio a esse clima de desconfianças, uma sessão secreta do Congresso<br />

argentino convocada por Sarmiento provocou grandes apreensões. A diplomacia

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