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mostram os seguintes trechos, retirados do primeiro parágrafo: “A cena
do desembarque ostensivo das forças americanas na sede destruída
do governo do Haiti[...]”; “A marcha dos soldados armados para
sinalizar ordem [...]’; “Com seus helicópteros Black Hawk descendo
sobre o palácio presidencial, quiseram, simbolicamente, mostrar
quem manda”. Desse modo, o editorialista aproveita-se do grande e
imediato impacto que uma imagem pode gerar sobre os leitores de
modo a sensibilizar decisivamente o público a aceitar sua opinião.
Do ponto de vista dos sentidos interativos, notamos que os
parâmetros de cor, contraste, luz e contextualização apresentados
pela imagem seguem o padrão da fotografia colorida, o que nos faz
afirmar que se trata de uma imagem com alto grau de modalidade
naturalística. Sendo assim, tal fotografia é lida como verdadeira, ou
seja, como mostrando um fato que realmente ocorreu, o que ajuda o
editorialista na defesa de sua opinião.
O contato codificado é o de oferta, uma vez que não há por
parte de nenhum dos participantes representados um olhar em
direção à câmera, ou melhor, ao leitor. Assim, os participantes estão
ali para serem observados, à mercê da análise crítica e “impessoal”
do receptor do editorial, que pode, seguindo o autor do texto, julgar
suas ações negativamente, ou até, por outros motivos desconhecidos
e não previstos, aprovar aquela operação militar.
O tamanho da moldura utilizada na captação da imagem codifica
uma distância social máxima entre os participantes representados e o
leitor. Isso quer dizer que, para o leitor, os soldados podem ser vistos
como personagens totalmente desconhecidos com os quais eles não
dividem qualquer tipo de laço social. Eles estão tão distantes que suas
qualidades físicas individuais não podem ser distinguidas, tornandoos
meros tipos.
138 l Anais Eletrônicos - 2011