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OS SENTIDOS DA IMAGEM EM EDITORIAIS DE REVISTAS / Francisco Roberto da Silva SANTOS
(UERN/GPET/GPSM)
discursos sócio-historicamente marcados e cooperam na defesa dos
pontos de vista do editorialista.
A coincidência em relação ao período de publicação e ao
tema dos editoriais nos possibilitou observar que os editorialistas
e, por extensão, as revistas por eles representadas assumem, em
relação ao mesmo fato da realidade, ou seja, o terremoto do Haiti,
posições discursivas totalmente divergentes. O editorial da Istoé,
focalizou a truculência americana e seu modo agressivo e imponente
de “dar apoio” ao governo haitiano. Em contrapartida, no editorial
da Veja, os estrangeiros, nos quais se incluem os americanos, são
representados como heróis solidários que vieram trazer ordem e
esperança à população afligida pelo desastre natural. Uma tendência
comum em ambos os pontos de vista é a de representar o Haiti, seu
povo e a tragédia por ele sofrida em segundo plano, como meros
objetos (metas). Os editorais, por meio de suas seleções verbais e
visuais, focalizaram a ação de participantes estrangeiros frente ao
desastre natural, ao invés de chamarem a atenção para o desastre
em si e seus efeitos para a população local. Através dos significados
representacionais, interativos e composicionais atrelados às imagens,
que são frutos das escolhas comunicativas dos editorais na confecção
de seus textos, tais discursos são reforçados a fim de tornar mais efetivo
o trabalho de convencimento do leitor.
Além disso, foi demonstrado que os sentidos estabelecidos pelos
elementos visuais dos editoriais investigados estabelecem uma relação
dialógica com os sentidos transmitidos pelo texto verbal. Elementos
linguísticos e não-linguísticos trabalham em conjunto para formar uma
significação social global. Isso torna o processamento desses artefatos
textuais uma atividade mais complexa e desafiadora, pois exige do
leitor a perspicácia de integrar imagem e palavra no processamento
do texto multimodal.
Anais Eletrônicos - 2011 l 141