Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
a lógica da implantação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>rno sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> comunicação obe<strong>de</strong>cia a<br />
interesses econômicos, políticos, i<strong>de</strong>ológicos e militares.<br />
Em setores dos meios intelectuais, estudantis, religiosos, <strong>em</strong> algumas<br />
entida<strong>de</strong>s e organizações <strong>de</strong> esquerda <strong>de</strong> toda a América Latina começam a<br />
se manifestar preocupações com os direitos à comunicação, com sua<br />
distribuição <strong>de</strong>sigual, com a agressão aos povos, com a invasão cultural.<br />
Assim, os <strong>de</strong>bates sobre os direitos humanos da comunicação não<br />
começaram hoje. R<strong>em</strong>ontam à década <strong>de</strong> 50. Mas é principalmente a partir<br />
da década <strong>de</strong> 60 que tomam corpo. Coincid<strong>em</strong> com o período <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scolonização da África e da Ásia.<br />
Estava-se <strong>em</strong> plena Guerra Fria. As organizações <strong>de</strong> esquerda, <strong>de</strong><br />
forma geral, analisavam essa situação como <strong>de</strong>corrente do conjunto das<br />
ações do capitalismo e do imperialismo. Outras forças, que se aglutinavam<br />
principalmente a partir das concepções social-d<strong>em</strong>ocratas e a chamada<br />
igreja progressista - que rejeitavam o socialismo, mas se contrapunham às<br />
práticas do capitalismo imperialista, sobretudo diante do caráter agressivo e<br />
expansionista que marcava o crescente império do Norte -, propunham uma<br />
terceira via. Havia se criado o conceito <strong>de</strong> terceiro mundo, que englobava os<br />
países recém-saídos da colonização e os países pobres, fora do bloco<br />
socialista. D<strong>em</strong>andava-se alívio da dívida externa, melhores condições <strong>de</strong><br />
comercialização e apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento. Muitos ainda viam os Estados<br />
Unidos como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocracia e <strong>de</strong>senvolvimento e acreditavam na<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma terceira via.<br />
A comunicação fazia parte <strong>de</strong>sse contexto. Com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> tecnologias da comunicação, crescia a produção <strong>de</strong> bens simbólicos. As<br />
multinacionais da cultura, a maioria situada nos Estados Unidos, abriam<br />
mercado para seus produtos <strong>em</strong> todo o planeta. Estabeleceu-se o que os<br />
opositores a essa situação chamaram <strong>de</strong> invasão cultural. A televisão foi o<br />
veículo privilegiado <strong>de</strong>ssa invasão. Rapidamente tratou-se <strong>de</strong> sua expansão<br />
e <strong>de</strong> torná-la popular on<strong>de</strong> se pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> constituir novos mercados para os<br />
bens simbólicos por ela veiculados. Já no final da década <strong>de</strong> 60, qualquer<br />
cida<strong>de</strong>zinha afastada dos centros <strong>de</strong>senvolvidos, no Brasil, mantinha um<br />
aparelho <strong>de</strong> TV nas praças, on<strong>de</strong> o povo se aglomerava para ver a magia da<br />
telinha.<br />
9