Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
e os consumidores, as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penharão papel<br />
fundamental na <strong>de</strong>finição do público-alvo.<br />
Na verda<strong>de</strong>, esse foi um movimento mais geral seguido por todos os<br />
ramos do nascente mercado cultural. Racionalida<strong>de</strong> <strong>em</strong>presarial na<br />
administração dos negócios, maior profissionalização e especialização <strong>em</strong><br />
ramos industriais, formação <strong>de</strong> conglomerados que englobavam não só<br />
áreas da indústria cultural, mas também outros ramos da indústria<br />
propriamente dita, <strong>de</strong> um lado, e, <strong>de</strong> outro, diversificação dos produtos<br />
culturais segundo as faixas <strong>de</strong> consumidores e produção e distribuição <strong>em</strong><br />
massa orientada pela lógica mercantil.<br />
Tornou-se, assim, possível falar pela primeira vez no Brasil <strong>de</strong><br />
indústria cultural à maneira como Adorno e Horkeheimer (1985 e 1996) a<br />
conceberam ao estudar a <strong>em</strong>ergência da aplicação da racionalida<strong>de</strong><br />
tecnológica no campo da cultura e sua transformação <strong>em</strong> mercadoria entre<br />
os anos 30 e 40 nos EUA. Se a introdução da lógica do lucro não<br />
transforma a cultura <strong>em</strong> simples mercadoria, se a crítica feita pela Escola <strong>de</strong><br />
Frankfurt revela uma preocupação com o <strong>de</strong>stino das formas “superiores”<br />
da cultura, se a idéia <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a ou <strong>de</strong> controle total dificultou ver as<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência, para além das diversas críticas <strong>de</strong> que foram<br />
objeto as teses <strong>de</strong> Adorno e Horkeheimer, o que importa <strong>de</strong>stacar aqui são<br />
as implicações que resultaram da presença <strong>de</strong> novas forças no campo<br />
cultural da socieda<strong>de</strong> brasileira, que, como vimos, teve seu autoritarismo<br />
reforçado pelos governos militares, eles mesmos indutores do processo <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rnização.<br />
Nesse sentido, po<strong>de</strong>-se dizer, com Renato Ortiz (2001, p. 155), que o<br />
ajustamento dos brasileiros às novas formas <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong><br />
se <strong>de</strong>u mais rapidamente <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> ter se realizado <strong>em</strong> um período cuja<br />
valorização dos imperativos econômicos na esfera da cultura, e a<br />
conseqüente <strong>de</strong>spolitização <strong>de</strong> seus conteúdos, e foi reforçado pela<br />
tendência do Estado <strong>em</strong> eliminar as formas críticas <strong>de</strong> expressão cultural<br />
dos setores que lhe po<strong>de</strong>riam oferecer resistência.<br />
Contudo, parece que não foi apenas esse fato que <strong>de</strong>u singularida<strong>de</strong><br />
à atuação da indústria cultural brasileira. Houve um aspecto mais cruel no<br />
processo <strong>de</strong> ajustamento dos indivíduos à nova racionalida<strong>de</strong> econômica, à<br />
normalização das subjetivida<strong>de</strong>s. Se entre nós, como vimos, permeia um<br />
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