Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
autoritarismo nas relações pessoais, sociais e políticas sustentou tanto os<br />
governos militares quanto a nascente indústria cultural?<br />
1.1. Tradição e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />
A articulação pouco equilibrada entre Estado, capital privado interno e<br />
capital externo imprimiu a marca do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento adotado<br />
pelo Brasil para consolidar sua industrialização <strong>em</strong> meados da década <strong>de</strong> 50<br />
e que permitiu transformá-lo, <strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po, sob a égi<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />
ditadura militar, <strong>em</strong> um dos países mais industrializados do Terceiro Mundo.<br />
O reverso <strong>de</strong>sse impressionante crescimento econômico, que <strong>em</strong> cada crise<br />
alertava para seus verda<strong>de</strong>iros limites, mostrava-se na gran<strong>de</strong> influência do<br />
capital estrangeiro e na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se romper com a hierarquia da<br />
divisão internacional do trabalho, pelo qual não se logrou um padrão<br />
autônomo <strong>de</strong> acumulação.<br />
De fato, a internacionalização do gran<strong>de</strong> capital monopolista das<br />
economias centrais nos anos posteriores à Segunda Gran<strong>de</strong> Guerra ensejou<br />
o avanço da industrialização <strong>em</strong> alguns países periféricos. A marca<br />
distintiva <strong>de</strong> tal processo nesses países <strong>de</strong>u-se nos êxitos dos esforços <strong>em</strong><br />
constituir uma base industrial pesada. No entanto, como <strong>em</strong> nenhum <strong>de</strong>les<br />
havia suficiente concentração e centralização do capital e como a simples<br />
penetração do capital estrangeiro nos setores <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> produção não<br />
po<strong>de</strong>ria garantir o avanço da industrialização, a atuação do Estado como<br />
agente fundamental da monopolização do capital seria <strong>de</strong>cisiva.<br />
No Brasil não foi diferente. Chegando tardiamente à industrialização e<br />
incorporando <strong>em</strong> um curto período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po os padrões <strong>de</strong> reprodução e <strong>de</strong><br />
transformação do capitalismo monopolista na fase do pós-guerra, o Estado<br />
cumpriu o papel que cabia ao capital financeiro nos países <strong>de</strong><br />
industrialização avançada; isto é, aglutinou o processo <strong>de</strong> monopolização do<br />
capital para viabilizar, diretamente por meio <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas públicas e<br />
indiretamente por um sist<strong>em</strong>a financeiro público, a constituição do setor <strong>de</strong><br />
bens <strong>de</strong> produção.<br />
A ociosida<strong>de</strong> produtiva, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego e o aumento da inflação, que<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram uma crise econômica <strong>em</strong> 1962 que se prolongou até 1967,<br />
foram resolvidos politicamente por meio <strong>de</strong> um golpe <strong>de</strong> Estado,<br />
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