Memória em Movimento - UFPE - Universidade Federal de ...
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M<strong>em</strong>ória <strong>em</strong> <strong>Movimento</strong><br />
Revista <strong>de</strong> Comunicaçao, Política e Direitos Humanos ano 1 n o 0 2 o s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2007<br />
FISSURAS NA COMUNICAÇÃO GLOBALIZADA: A EXPERIÊNCIA DOS<br />
AGENTES DE COMUNICAÇÃO EM PERNAMBUCO 13<br />
Patrícia Paixão <strong>de</strong> Oliveira Leite 14<br />
Raimunda Aline Lucena Gomes 15<br />
1. Introdução<br />
Os discursos que circulam tendo como base a palavra globalização<br />
apontam uma diversida<strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> análises, sejam elas econômicas,<br />
políticas, i<strong>de</strong>ológicas, culturais, sociais e, sobretudo, comunicacionais. No<br />
entanto, s<strong>em</strong>pre houve a tentação <strong>de</strong> classificar esses discursos <strong>de</strong> forma<br />
dicotômica: conservadores e mo<strong>de</strong>rnos; aristocratas e liberais; burgueses e<br />
socialistas; alinhados e não-alinhados; direita e esquerda; apocalípticos e<br />
integrados; globalizantes e globalizados; tradicionais e pós-mo<strong>de</strong>rnos. Isso<br />
permitiu uma maior diss<strong>em</strong>inação do primado das reflexões mais dualistas e<br />
menos dialéticas - estas últimas buscando enveredar pelas inter-relações<br />
que ambas as palavras reclamam.<br />
No caso específico do pensamento científico sobre a comunicação<br />
social e seu processo <strong>de</strong> globalização, duas correntes <strong>de</strong> pensamento<br />
terminaram praticamente por dividir esse campo <strong>de</strong> conhecimento: a<br />
dimensão humanista 16 da comunicação como um processo dialógico e<br />
13 Trabalho apresentado ao GT <strong>de</strong> Práticas Sociais <strong>de</strong> Comunicação, do IX Congresso <strong>de</strong> Ciências da Comunicação na<br />
Região Nor<strong>de</strong>ste, <strong>em</strong> 2007.<br />
14 Mestra <strong>em</strong> Comunicação pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Pernambuco (<strong>UFPE</strong>), Especialista <strong>em</strong> Propaganda e<br />
Marketing, pela <strong>UFPE</strong>, e Especialista <strong>em</strong> Jornalismo Cultural pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Católica <strong>de</strong> Pernambuco (Unicap). É<br />
pesquisadora auxiliar do Núcleo <strong>de</strong> Documentação dos <strong>Movimento</strong>s Sociais <strong>de</strong> Pernambuco, da <strong>UFPE</strong>, e<br />
Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Comunicação da ONG Sinos. E-mail: ppaixao@hotlink.com.br<br />
15 Mestra <strong>em</strong> Comunicação pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Pernambuco (<strong>UFPE</strong>) e Especialista <strong>em</strong> História e Estética da<br />
Cin<strong>em</strong>atografia pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Valladolid/Espanha. É pesquisadora auxiliar do Núcleo <strong>de</strong> Documentação dos<br />
<strong>Movimento</strong>s Sociais <strong>de</strong> Pernambuco, da <strong>UFPE</strong>, e Coor<strong>de</strong>nadora Executiva da ONG Sinos. E-mail:<br />
aline.lucena@gmail.com<br />
16 [...] a propósito do aspecto humanista <strong>em</strong> que <strong>de</strong>ve estar inspirado o trabalho <strong>de</strong> comunicação [...] Aspecto<br />
humanista <strong>de</strong> caráter concreto, rigorosamente científico, e não abstrato. Humanismo que não se nutra <strong>de</strong> visões <strong>de</strong> um<br />
hom<strong>em</strong> i<strong>de</strong>al, fora do mundo; <strong>de</strong> um perfil <strong>de</strong> hom<strong>em</strong> fabricado pela imaginação, por melhor intencionado que seja<br />
qu<strong>em</strong> o imagine. Humanismo que não leve à procura <strong>de</strong> concretização <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo int<strong>em</strong>poral, uma espécie <strong>de</strong><br />
idéia ou <strong>de</strong> mito, ao qual o hom<strong>em</strong> concreto se aliene. Humanismo que, não tendo uma visão crítica do hom<strong>em</strong><br />
concreto, preten<strong>de</strong> um será para ele; ele que, tragicamente, está sendo uma forma <strong>de</strong> quase não ser. Pelo contrário, o<br />
humanismo que se impõ<strong>em</strong> ao trabalho <strong>de</strong> comunicação entre [ ] sujeitos, se baseia na ciência, e não na ‘doxa’, e não<br />
no ‘eu gostaria que fosse’ ou <strong>em</strong> gestos puramente humanitários. Neste humanismo científico (que n<strong>em</strong> por isso <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> ser amoroso) <strong>de</strong>ve estar apoiada a ação comunicativa do agronônomo-educador. (FREIRE, 2002, p. 73 - 74)<br />
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